Título: Garibaldi: Tive receio de perder o controle
Autor: Camarotti, Gerson; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 16/12/2007, O País, p. 3

Novo presidente do Senado se diz aliviado após sessão da CPMF.

BRASÍLIA.O primeiro desafio do novo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), foi enfrentado apenas algumas horas depois de sua eleição na última quarta-feira: teve de comandar com pulso forte a sessão que derrubou a proposta de prorrogação da CPMF até 2011. Garibaldi admite que chegou a cogitar a possibilidade de deixar a missão para Tião Viana (PT-AC), que vinha exercendo a presidência interina da Casa desde o afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL). Passado o primeiro sufoco, ele confessa estar aliviado e confiante, inclusive para encarar as próximas batalhas. Entre elas, recuperar a imagem da instituição e garantir uma maior transparência às suas ações.

- Foi difícil (a sessão da CPMF). A princípio, pensei que poderia delegar a Tião Viana a missão, já que ele vinha conduzindo esse processo desde o início. Graças a Deus, eu presidi! Porque aquela sessão me deu assim uma confiança muito grande. De qualquer maneira, eu estava com um certo receio de perder o controle da situação, tendo em vista que o clima chegou a esquentar mesmo. O termo é esse - admite Garibaldi.

Candidatura foi aceita para barrar Simon

O resultado da primeira sessão que comandou, que impôs a maior derrota do governo nos cinco anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não chegou a surpreender ou afligir o novo presidente do Senado. Na verdade, Garibaldi só teve a candidatura aceita pelo Planalto depois que Pedro Simon (PMDB-RS), considerado um fator de instabilidade e risco maior para o governo, teve seu nome lançado à disputa.

- Essa chegou a ser uma derrota anunciada. O governo ficou totalmente dependente do apoio do PSDB, porque não tinha votos na base aliada suficientes para aprovar. Confiou muito nos governadores e na possibilidade que eles tinham de conseguir os votos na bancada. Como isso não veio, ficou difícil. Além disso, a proposta de acordo chegou tarde. Se tivesse chegado antes, poderia ter tido êxito. Àquela hora, já não dava mais - avalia o senador, recém-integrado à ala governista.

Para ajudar a consertar estragos provocados pela derrota do governo, Garibaldi admite a possibilidade de apoiar uma possível convocação extraordinária do Congresso em janeiro e fevereiro.

- Há uma articulação nesse sentido, desenvolvida por governo e governadores. A idéia seria ressuscitar a CPMF ou formular outra proposta, porque não é fácil arrumar aquele dinheiro. Mas tudo isso está muito embrionário - revela.