Título: De olho em 2010, Lula quer manter poder no partido
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 16/12/2007, O País, p. 11

Presidente negociou apoio de ministros a Berzoini no 2º turno.

BRASÍLIA. Preocupado com sua própria sucessão em 2010, o presidente Lula resolveu retomar sua influência no segundo turno da eleição petista e, com isso, manter o seu poder de decisão no partido. Discretamente, Lula deu sinal verde para que o Palácio do Planalto passasse a trabalhar ativamente pela candidatura à reeleição de Ricardo Berzoini (SP), da chapa "Construindo um novo Brasil". A força palaciana foi fundamental para que Berzoini chegue ao dia de hoje como favorito na disputa interna da legenda.

Segundo um assessor, Lula avalia que, se ficasse distante da disputa, como ocorreu no primeiro turno, o PT passaria a ser comandado pela burocracia do partido. Ou seja, a legenda ficaria nas mãos de aliados incômodos, como o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu e seu grupo político. Palacianos não querem que dirigentes petistas voltem mais para as manchetes dos jornais como protagonistas de escândalos como o do mensalão.

A avaliação no Planalto é que Lula precisa ter o comando do PT para que possa influir na escolha do seu sucessor. Foi esse pragmatismo que levou Lula a indicar seu apoio a Berzoini e começar a interferir pessoalmente no processo sucessório.

Essa interferência fez com que os principais apoiadores da candidatura do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) - que ficou em terceiro lugar no primeiro turno - migrassem para Berzoini no segundo turno.

- Teve um período em que o presidente Lula ficou mais afastado do partido. Mas ele sabe que o PT é fundamental para o projeto político dele. Em 2010, vamos ter um desafio enorme: será a primeira vez que vamos para uma disputa presidencial sem Lula - disse a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).