Título: Genoino: Nunca passei dinheiro para ninguém
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 18/12/2007, O País, p. 10

Deputado depõe e nega participação no mensalão; João Paulo diz que foi absolvido por plenário e pelo eleitorado

BRASÍLIA. Com discursos semelhantes, em que se declararam inocentes mas evitaram negar a existência do mensalão, os deputados José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP) negaram ontem ter participado do esquema de distribuição de dinheiro em troca de apoio ao governo no Congresso. Processado por formação de quadrilha e corrupção ativa, Genoino transferiu a responsabilidade pelas operações financeiras do partido ao ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.

Genoino, que era presidente do PT, assinou empréstimos de R$5,4 milhões junto aos bancos Rural e BMG que, segundo a Procuradoria Geral da República, foram simulados para ocultar a origem dos recursos do valerioduto:

- Eu não acompanhava a administração financeira do partido. O secretário de Planejamento e Finanças (Delúbio) tinha autonomia na sua área.

Os dois foram os primeiros parlamentares a se sentar no banco dos réus para depor na ação penal que investiga o escândalo no Supremo Tribunal Federal (STF). Por determinação do ministro Joaquim Barbosa, eles foram ouvidos na 10ª Vara Criminal da Justiça Federal.

Genoino disse que só se encontrava com Marcos Valério, acusado de operar o mensalão, quando este era levado por Delúbio à sede do PT. Declarando-se vítima do que chamou de devassa, disse ter o mesmo patrimônio desde a primeira eleição para a Câmara, em 1982.

- Nunca passei dinheiro para ninguém, nunca tratei desse assunto e não recebi nada - afirmou Genoino, que não comentou as acusações aos outros petistas. - Opino sobre minhas atribuições individuais.

Acusado de peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, João Paulo admitiu que sua mulher sacou R$50 mil no Banco Rural, mas disse não saber que os recursos haviam sido enviados por Valério - que comandou a publicidade da Câmara quando o petista presidia a Casa. João Paulo se disse absolvido pelos colegas e pelo eleitorado.

Genoino e João Paulo quase repetiram as mesmas palavras ao deixar a Justiça Federal.

- É o início do restabelecimento da verdade e da Justiça - disse João Paulo.

- Quero afirmar minha confiança na Justiça e na verdade - reforçou Genoino.

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