Título: Lista do trabalho escravo tem 189 empregadores
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 18/12/2007, O País, p. 10

Relação divulgada por ministério inclui fazendeiros reincidentes e produtores de soja e leite.

BRASÍLIA. Versão atualizada da nova lista suja do trabalho escravo, divulgada ontem pelo Ministério do Trabalho, relaciona 189 empregadores flagrados pelo Grupo Móvel de Fiscalização. Além da reincidência no crime, vários empregadores foram mantidos na lista porque deixaram de pagar multas aplicadas pelos auditores do Grupo Móvel. Os fazendeiros Joaquim Maria Daflon e Walderez Fernando Barbosa estão entre os casos de proprietários reincidentes.

Barbosa estava na lista desde 2004 por causa de uma ação que libertou 15 pessoas, numa fazenda de sua propriedade, em Tocantins. Mas ele continua na relação porque uma operação dos fiscais, em 2005, encontrou dois funcionários que trabalhavam como mão-de-obra de escrava em outro imóvel de Barbosa, também em Tocantins. Joaquim Daflon consta da lista porque foi pego em três fiscalizações do ministério, duas em 2004 e uma em 2006.

Proprietário incluído perde acesso a recursos públicos

Na versão atualizada de 2007, foram incluídos grupos econômicos como a Laticínios Morrinhos Indústria e Comércio, que produz o Leitbom, a Agropecuária Roncador e a Agropecuária e Industrial Serra Grande (Agroserra), proprietária de usinas de álcool e produtora de soja.

A lista suja é atualizada semestralmente e a relação é divulgada desde 2003. Incluído na lista, o proprietário fica proibido de ter acesso a recursos públicos e, durante dois anos, é monitorado pelos fiscais do Ministério do Trabalho. Se não reincidirem, são excluídos do rol. Os empregadores citados na lista são incluídos em outra relação, a das "Empresas pertencentes à cadeia produtiva do trabalho escravo". Essa relação é utilizada por indústrias no momento de comprar matéria-prima. Há um boicote comercial aos fazendeiros da lista suja.

De 1995 até 2007, mais de 26 mil trabalhadores foram submetidos ao trabalho escravo. O Grupo Móvel é composto, além dos fiscais do Trabalho, por agentes da Polícia Federal e procuradores do Ministério Público do Trabalho.