Título: Governo economizará R$10 bi sem tributo
Autor: Jungblut, Cristiane; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 19/12/2007, O País, p. 3

A VIDA SEM CPMF: Segundo Rabello de Castro, o mesmo papel público chega a ser negociado mais de duas vezes.

Economista destaca que tarifa de 0,38% deixará de ser embutida também em negociações de títulos públicos

Cássia Almeida

A perda de R$40 bilhões com o fim da Contribuição Provisório sobre Movimentação Financeira (CPMF) poderá ser compensada na negociação dos títulos públicos. O expurgo da CPMF dos papéis vendidos pelo Tesouro Nacional ao mercado geraria receita extra aproximada de R$10 bilhões, nas contas do economista Paulo Rabello de Castro, diretor da RC Consultores:

- Na formação da taxa de juros para rolar (renegociar) a dívida pública, estava embutido o custo financeiro com a CPMF. Agora, sem o imposto, esse custo some.

A conta é a seguinte: a dívida pública estava em R$1,13 trilhão em outubro. Os R$10 bilhões correspondem a 1% desse total. O valor é bem superior aos 0,38% da alíquota da contribuição. A explicação está no número de negociações com o mesmo título. Segundo Rabello de Castro, o mesmo papel público chega a ser negociado mais de duas vezes.

- A CPMF era um custo em qualquer empréstimo. Não é diferente no governo.

Gasto com juros pode diminuir, diz Fiesp

Segundo o Tesouro Nacional, o governo não pagava a contribuição em suas operações, mas é um custo que o investidor tem ao adquirir o papel. Despesa essa embutida no empréstimo ao governo.

- Pode ser que se abra espaço para cair juros no sistema bancário. Essa redução nas rolagens da dívida vai depender de quem vencer a queda-de-braço nas negociações no mercado - disse Castro.

Paulo Francini, diretor do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também vê nesse mecanismo uma forma de o governo compensar a perda com a CPMF:

- Estamos tentando ver opções para a CPMF. E a redução de gastos com juros é uma delas - afirmou Francini.