Título: Presidente interveio no acordo do gás
Autor: Ordoñez, Ramona; D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 19/12/2007, Economia, p. 30

Bolívia queria 60% da produção da Petrobras para o mercado interno.

LA PAZ e SÃO PAULO. O presidente Lula precisou intervir para fechar o acordo, anunciado na segunda-feira, que determina o destino da produção de gás da Petrobras na Bolívia. A Bolívia pretendia que até 60% da produção fossem destinados ao mercado interno, mas o percentual ficou em 18%. As negociações foram difíceis e tensas. Os bolivianos só aceitaram a proposta brasileira minutos antes do anúncio oficial pelos presidentes Lula e Evo Morales.

Os investimentos iniciais da estatal na Bolívia serão de US$260 milhões, podendo chegar a US$1 bilhão, dependendo do sucesso dos novos projetos, segundo informação do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Os primeiros investimentos serão feitos na ampliação da produção dos campos de San Alberto e San Antonio, além do desenvolvimento do novo campo de Ingre. A Petrobras estima que poderá aumentar sua produção atual em 8 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. Esse aumento, porém, deve se destinar ao atendimento dos contratos que a Bolívia tem com a Argentina, de exportar 27,7 milhões de metros cúbicos por dia a partir de 2010.

Segundo Gabrielli, para o Brasil não está previsto, até o momento, qualquer aumento nas importações de gás da Bolívia. Hoje vigora o contrato, que vai até 2019, de importar 30 milhões de metros cúbicos por dia.

A Petrobras assinou ontem três contratos com a Comgás, que vão aumentar em 3 milhões de metros cúbicos por dia o suprimento de gás nacional que passará a fornecer à distribuidora paulista a partir de janeiro. A estatal vai colocar à disposição da Comgás, diariamente, 6 milhões de metros cúbicos, o dobro do volume atual.

(*) Enviada especial