Título: Ministro pedirá campanha publicitária a Lula
Autor: Franco, Berbardo Mello; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 20/12/2007, O País, p. 14

Geddel quer responder a atriz e conquistar a opinião pública.

BRASÍLIA. O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, disse que tentará convencer o presidente Lula a investir numa ofensiva publicitária para conquistar o apoio da opinião pública ao projeto. Ele quer que o governo responda aos comerciais dos últimos dias em que a atriz Letícia Sabatella, militante da organização não-governamental Humanos Direitos, defende a suspensão das obras.

- Precisamos remover os mitos que envolvem o debate da transposição - justificou.

A licitação que terá o resultado divulgado hoje pelo ministro prevê a construção de quatro aquedutos e oito canais com 39 mil metros de extensão. O custo estimado das obras desse primeiro lote é de R$275 milhões.

O advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, festejou o resultado do julgamento no STF e disse não haver mais obstáculos judiciais para as obras.

- Ficou bem claro que o processo de licenciamento ambiental está de acordo com a lei e os princípios constitucionais - disse Toffoli.

Ayres Brito, sergipano, vota contra e pede revitalização

Único nordestino da Corte, o sergipano Ayres Britto afirmou que o rio está morrendo e precisa ser recuperado antes do início da transposição, que reduzirá o volume de água corrente em seu leito original. Ele usou o trocadilho de que o rio vive uma fase de pobreza franciscana para tentar convencer os colegas a suspender as obras até terem certeza sobre seus impactos socioambientais na região.

- Na dúvida, se paralisa a obra. Não se pode exigir que uma pessoa doente seja doadora de sangue - afirmou, defendendo a realização de novas audiências públicas para ampliar o debate sobre o tema.

O ministro Ricardo Levandowski alegou que a suspensão preventiva dos trabalhos causaria outra espécie de dano: o desperdício do dinheiro público já investido pelo governo federal.

- Uma paralisação neste momento poderia causar grave dano ao erário - disse o ministro.

Com ironia, Marco Aurélio Mello disse que, ao dar sinal verde às máquinas antes de decidir sobre o mérito da ação que pede a suspensão do projeto, o STF transformaria a transposição num fato consumado e irreversível.

- Neste caso, talvez seja melhor extinguir o processo antes mesmo do julgamento do mérito - afirmou.

Ao deixar a Corte, o ministro Ayres Britto, que disse só ter baseado o voto contra as obras em motivos técnicos, fez elogios a dom Cappio:

- Ele é um homem comprometido com valores e acredita piamente que o rio não sobreviverá a essa sangria. Por isso, chama a atenção do poder público da maneira que julga correta. Não tenho nada a criticar, absolutamente.