Título: Construção civil prevê crescer 6% no próximo ano
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 21/12/2007, Economia, p. 33

PAC ainda deve produzir efeitos positivos no setor com mais obras pelo país.

BRASÍLIA. Surfando no otimismo do restante da economia brasileira, a indústria da construção civil prevê que crescerá 6% em 2008, consolidando a expansão verificada em 2007, quando seu crescimento deve chegar a 5%. Os números deste ano são a base da expectativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), uma vez que dezembro acaba com R$18,5 bilhões em financiamentos habitacionais.

O setor aposta ainda que os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cuja execução foi muito pequena este ano, estarão maduros e vão finalmente acontecer. Entre eles estão a construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, e as obras nos nove trechos de rodovias concedidas à iniciativa privada. Até o início de dezembro, só foram executados 15% dos R$15,4 bilhões autorizados para o PAC.

Na avaliação do presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, nem mesmo o fim da CPMF, que obrigará o governo federal a fazer um corte mais drástico no Orçamento da União em 2008, vai frear a expansão do segmento. Ele explicou que dos R$503 bilhões previstos no PAC até 2010, apenas R$68 bilhões são de recursos federais.

- É claro que vai haver cortes. Mas a maior parte do PAC é de recursos privados - disse.

Este ano, os investimentos em máquinas e equipamentos do setor terão incremento de 4,1% e foram gerados 202.636 novos postos de trabalho. Tudo isso é resultado das medidas de incentivo à construção adotadas em 2004, que facilitaram o crédito e deram mais garantias às construtoras.

Simão, no entanto, adverte que nem tudo é positivo no setor. Havia expectativa da Câmara de que o PAC incorporasse o projeto de ampliar o número de casas populares para 400 mil ao ano, mas isso não ocorreu.

- Falta decisão política para aplicar dinheiro público na erradicação do déficit habitacional no país, algo que demandará 15 anos pelo menos - disse.

O setor também não teme a contaminação do mercado imobiliário brasileiro pela crise do crédito habitacional nos Estados Unidos, ocorrida este ano. Simão lembra que a participação do financiamento para casas ainda é bastante reduzida no Brasil. Aqui, a relação entre crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) é de apenas 3,5%, enquanto no México é de 11%, na Espanha, de 46%, e nos Estados Unidos, de 65%.