Título: Desemprego de 8,2% em novembro é o menor desde 2002
Autor: Brafman, Luciana
Fonte: O Globo, 21/12/2007, Economia, p. 36

Rendimento e contratação com carteira assinada crescem. Número de desocupados ficou abaixo de dois milhões de pessoas pela primeira vez no período.

Na esteira do crescimento econômico, o mercado de trabalho brasileiro atingiu um novo patamar. É o que confirmam os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a começar pela taxa de desemprego de 8,2% em novembro, nas seis principais regiões metropolitanas, a menor da série histórica, iniciada em março de 2002. O indicador registrou queda de 1,3 ponto percentual em comparação a igual mês do ano passado (9,5%) e de 0,5 ponto percentual ante outubro deste ano (8,7%). O número de desocupados - que, pela primeira vez num mês de novembro, ficou abaixo de 2 milhões de pessoas - e o aumento de 2,4% no rendimento médio real dos ocupados são outros pontos positivos, bem como as previsões de que o desemprego encerre o ano ao redor de 7% em dezembro.

Se tudo correr conforme o previsto, com o desemprego recuando cerca de um ponto percentual em dezembro por motivos sazonais, 2007 terá a menor taxa média anual da série histórica, abaixo de 9,5%.

- É um final de ano muito bom no mercado de trabalho. Já estamos em outro patamar, com taxas de desemprego bem abaixo dos últimos anos - afirma o economista Carlos Henrique Corseuil, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que projeta taxa de 7% para dezembro.

Em novembro, os ocupados representavam 52,6% da população em idade ativa, um recorde. Corseuil aposta na continuidade do cenário positivo para 2008, destacando, por exemplo, que não foi o comércio que puxou o emprego, mas o setor de serviços, menos sazonal. A formalização, diz, é outra boa notícia. No mês passado, o emprego com carteira assinada também bateu recorde e subiu 8,2%, ao passo que a taxa de ocupação dos informais caiu 4,3%. A população com carteira representa 43,4% dos ocupados.

- Isso mostra que o empresariado está mais confiante quanto à economia, criando novos postos, formais - explica Corseuil, ressaltando ainda o aumento da fiscalização e a desoneração das pequenas empresas como impulsos à formalização do mercado de trabalho.

Especialista alerta para desemprego elevado entre jovens

O diretor do Instituto de Economia da UFRJ, João Saboia, também destaca o ritmo de geração de empregos formais, além do aumento na renda:

- Não vou dizer que é o melhor dos mundos, mas é uma fase muito positiva de crescimento, que, de alguma forma, está sendo distribuído, com mais emprego e pagando-se melhor.

O rendimento médio real da população ocupada, que vinha estagnado, ficou em R$1.143,60 em novembro, o equivalente a uma alta de 2,4% sobre igual mês de 2006 e de 1,3% ante outubro. O gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Azeredo, cita ainda que, de janeiro a novembro, a média do rendimento está em R$1.131,90, valor 3% maior que o registrado em igual período de 2006.

Demitido em agosto, após nove anos na mesma empresa, o auxiliar de cobrança Carlos José Peres Moreira, de 31 anos, ficou três meses desempregado este ano, mas foi contratado recentemente pela administradora de um shopping do Rio.

- O meu salário agora é 20% maior do que antes. Fácil não foi, mas eu pude escolher onde gostaria de trabalhar - conta Moreira, que participou de seis processos seletivos e foi aprovado em dois.

Azeredo, do IBGE, avalia a importância do grupo de atividades que engloba os serviços referentes ao turismo. No Rio, por exemplo, a ocupação nesse segmento avançou 4,3% em comparação a outubro.

Apesar da euforia com a evolução dos indicadores e de uma previsão de 7,2% para a taxa de desemprego este mês, o gerente do IBGE chama atenção para alguns dados preocupantes, como a massa de desocupados, e diz que ainda há muito "dever de casa" a fazer, quando se analisam os números.

- Há 1,9 milhão de pessoas desocupadas. É um número muito grande - diz, alertando para a taxa de desemprego de 18,5% entre 16 e 24 anos. - São jovens e escolarizados, mas isso não garante emprego. Falta qualificação e experiência. Faltam programas para a inserção no mercado.