Título: Petrobras encontra mais petróleo no pré-sal
Autor: Nogueira, Danielle; Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 21/12/2007, Economia, p. 39

Comprovação em poço na Bacia de Santos reforça apostas em Tupi. Estatal anuncia pólo gás-químico no Peru

A Petrobras anunciou ontem ter comprovado a existência de uma jazida de petróleo leve na camada pré-sal da Bacia de Santos, em um bloco localizado a 280 quilômetros da costa paulista. O anúncio é importante porque se trata de mais um indício de petróleo de boa qualidade no pré-sal, onde também está a área de Tupi, na Bacia de Santos, com reservas estimadas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris.

Até agora, a Petrobras e sócias identificaram indícios de petróleo em diferentes pontos na camada pré-sal, que se estende por 800 quilômetros do litoral do Espírito Santo ao de Santa Catarina. Os poços foram perfurados em três bacias: a do Espírito Santo (ES), a de Campos (RJ) e a de Santos (RJ, SP, PR e SC). A descoberta de ontem fortalece a tese de que o petróleo pode ser encontrado em toda aquela extensão.

A comprovação foi feita no bloco BM-S-21, do qual a Petrobras é operadora, com 80% do negócio. A portuguesa Galp Energia tem 20% do consórcio. O poço perfurado foi o 1-BRSA-526-SPS (1-SPS-51), o primeiro do bloco, com profundidade de 5.350 metros. Segundo nota divulgada pela estatal, o poço ainda não foi testado por questões operacionais e logísticas. Ainda será preciso realizar testes para dimensionar as reservas do poço, o que deverá ser feito em 2008.

Na nota, as empresas afirmam que "o consórcio dará continuidade às atividades e investimentos necessários para a verificação das dimensões da jazida e das características dos reservatórios de petróleo". As petrolíferas estão elaborando um "plano de avaliação de descoberta", que será enviado à Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), conforme previsto no contrato de concessão. Ontem, foi enviada à ANP apenas a confirmação da existência de petróleo na área.

No exterior, a Petrobras pretende investir no Sul do Peru, ao lado da Braskem e da Petroperu, estatal petrolífera peruana, para criar um novo pólo gás-químico. De acordo com Nestor Cerveró, diretor da Área Internacional da estatal, já há intenção do governo peruano de participar. Em setembro, a empresa já havia revelado planos da construção de uma petroquímica na América do Sul.

Também no Peru, a Petrobras e a espanhola Repsol anunciam, na próxima semana, a descoberta de uma importante reserva de gás natural em dois blocos. A Petrobras tem participação de 53% em um bloco e 100% no outro.

- É uma reserva muito importante - disse Cerveró, em jantar com a imprensa, na noite de quarta-feira, no Rio.

Extração em Tupi pode começar em 2008

Os diretores presentes ao encontro também anunciaram metas de produção para este ano. Com o início da operação das plataformas P-52, P-54 e do navio-plataforma Cidade de Vitória, a Petrobras pretende atingir 2 milhões de barris de petróleo por dia no fim de 2007. Juntas, as três áreas têm potencial de extrair 460 mil barris diários. Neste mês, a P-50, depois de passar por problema técnicos, voltou a operar com sua capacidade de 180 mil barris por diários.

Até o fim do próximo ano, a empresa pretende iniciar a extração da área de Tupi, segundo os executivos. A companhia prevê extrair 40 mil barris de petróleo por dia de Tupi até dezembro de 2008. A extração inicial será feita por meio de um navio-plataforma do tipo FPSO. A previsão original de produção era para 2010. Cauteloso, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, preferiu não fixar datas e não descartou que a produção comece apenas em 2009. Segundo ele, a Petrobras está fazendo 18 testes em 15 poços na área de Tupi.

- Descobrimos os poços porque investimos. Para furar um deles, gastamos US$240 milhões e achamos. Mas pode não dar em nada. No Golfo do México, investimos US$150 milhões e não deu em nada. Em Tupi, as coisas são gigantescas - disse Gabrielli.