Título: Polícia suspeita da ação de funcionários do Masp
Autor: Mazzitelli, Fábio
Fonte: O Globo, 22/12/2007, O País, p. 12

ARTE ROUBADA: Curador do museu, Teixeira Coelho diz que rosto de um dos criminosos é completamente visível

Imagens mostram como agiram os bandidos que levaram, em três minutos, obras de Portinari e Picasso do museu

Plínio Delphino, Ricardo Galhardo e Fabio Mazzitelli*

SÃO PAULO. A polícia suspeita da participação de funcionários do Masp no maior roubo em 60 anos de história do museu, na madrugada de quinta-feira, quando, em três minutos, uma quadrilha levou as obras "O lavrador de café", de Cândido Portinari, e "Retrato de Suzanne Bloch", de Pablo Picasso. Policiais acompanham a rotina de suspeitos. A polícia recebeu uma lista com 40 nomes de funcionários e seus endereços e quer detalhes sobre as escalas de trabalho. Vai checar a relação entre o roubo e outras duas tentativas de assalto, em 29 de outubro e na segunda-feira.

- As várias equipes que trabalham no caso estão fazendo filmagens, campanas e trabalhando com outras informações - disse o delegado Fernando Schimidt, titular do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 1ª Delegacia Seccional.

Imagens divulgadas ontem mostram que os três bandidos chegaram às 5h09m. Usavam terno escuro, luvas brancas e capuz. Chegaram ao 1º andar e seguiram para o segundo piso. Um minuto depois, um deles voltou ao andar inferior para checar se não havia seguranças. Quando percebeu que o caminho estava livre, acenou para os comparsas.

Funcionários chegam dois minutos após fuga

O segundo bandido desceu com o quadro de Portinari. Passou a obra pelo vão do portão arrombado. Teve o cuidado de deixar a imagem voltada para cima. Apoiou a parte de trás da peça no chão e saiu em seguida. Logo depois, o terceiro bandido aparece com o Picasso. Ele não apóia a obra no chão. Com cuidado, entrega o quadro ao colega e passa pelo vão da porta destruída. Os três bandidos fogem às 5h12m. Dois minutos depois, surgem funcionários com vassoura e pá de lixo nas mãos. Observam o estrago feito pelos criminosos. Olham para os lados sem saber o que fazer.

O delegado disse que 13 funcionários já foram ouvidos. No total, 40 pessoas que trabalham ali serão ouvidas. Schmidt disse que haverá comparações de imagens gravadas pelo circuito de TV do Masp. Ele tem interesse em informações dos orientadores de público. Como os bandidos foram, sem hesitar, aos locais exatos das obras, suspeita-se que tenham visto o local antes. Ou foram bem orientados.

O delegado Marcos Gomes de Moura, do 78º Distrito Policial (Jardins), disse que há possibilidade de haver pelo menos mais um criminoso que, provavelmente se comunicava com os colegas de fora do prédio. Um fone de ouvido foi encontrado no local. Para o curador do museu, José Teixeira Coelho Netto, é possível identificar pelo menos um dos três criminosos:

- O rosto, pelo menos de um dos assaltantes, sabemos que é completamente visível na tela. As fitas foram entregues à polícia.

(*) Do Diá