Título: Percentual total de analfabetos vem caindo
Autor: Menezes, Maiá; Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 23/12/2007, O País, p. 3

Alfabetismo, no entanto, só é pleno entre universitários.

A pesquisa do Instituto Paulo Montenegro, realizada desde 2001, é baseada em entrevistas e testes aplicados em 2.000 pessoas, entre 15 e 64 anos de idade. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, mostram que, de 1995 a 2005, o percentual de jovens entre 4 e 17 anos que freqüentam a escola aumentou de 77,% para 88,9%. No total de brasileiros entre 15 e 64 anos, o percentual de analfabetos absolutos vem caindo de 2001 para cá: de 12% para 7%. O percentual de analfabetos rudimentares, no entanto, oscilou pouco - de 27% para 25%.

Apenas entre os entrevistados que completaram o ensino superior é que o indicador de alfabetização pode ser considerado pleno, com domínio total das habilidades de escrita e de matemática: 74% chegaram até esse nível.

A pesquisa também indica que a idade é um claro diferencial no cálculo do índice. Em 2007, entre os entrevistados de 15 a 24 anos, a proporção de analfabetos funcionais é de 17%. Já no grupo entre 25 e 34 anos, cresce para 24%. Entre os que têm entre 35 e 49 anos, o percentual chega a 38%. E cresce para 55% na faixa etária entre 50 e 64 anos.

Mulheres têm melhor desempenho do que homens

Os dados apontam um desempenho melhor das mulheres em relação aos homens: 69% delas, entre 15 e 64 anos, chegaram aos níveis básico e pleno de alfabetização. Entre os homens, o índice foi de 66%. Entre as regiões do país, a Sul é a que tem os índices mais altos de alfabetismo: 71% de alfabetizados, um terço do total de forma plena. A região Nordeste tem o maior índice de analfabetos funcionais, entre 15 e 64 anos: 46%.

A evolução, indica a pesquisa, foi maior, nos últimos seis anos, nas regiões onde o problema é mais agudo. No Nordeste, por exemplo, o percentual de analfabetos absolutos caiu de 18%, em 2001, para 13%, em 2007. Na região Sul, o percentual é o mesmo, em seis anos: 3%.

A coordenadora do Inaf 2007, Ana Lúcia Lima, afirma que o Brasil agora alcança, no nível superior, os indicadores de ensino a que os países desenvolvidos chegaram no nível médio:

- O esforço quantitativo mostra seus resultados. Mas a situação só vai melhorar quando quanto se misturar com a busca da qualidade. Temos que colocar pé no acelerador. Com a universalização, o professor não estava preparado para atender à quantidade de alunos. O aluno requer mais esforço do professor. A gente está colocando milhões de brasileiros pela primeira vez na escola, mas eles não têm o ambiente propício para o aprendizado. Teríamos que compensar essa deficiência - diz Ana Lúcia.