Título: Especialistas não recomendam Brasil na Opep
Autor: Duarte, Patrícia; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 23/12/2007, Economia, p. 39

Entrada na organização limitaria autonomia do país em decisões de política energética e negócios internacionais.

BRASÍLIA. O Brasil está com a faca e o queijo na mão quando o assunto é petróleo. A descoberta da reserva gigantesca de Tupi, na Bacia de Santos, além de abrir uma janela enorme de oportunidades para negócios com uma das principais commodities do mundo, também pode fortalecer o país no campo das relações internacionais. Isso porque o Brasil deve se tornar o primeiro grande exportador de petróleo a desfrutar, ao mesmo tempo, de estabilidade política e uma economia mais diversificada, o que o colocaria à frente de outros concorrentes que, em geral, experimentam tensos conflitos internos e/ou externos e amargam dependência da riqueza gerada pelo óleo.

Diante dessa vantagem, especialistas ouvidos pelo GLOBO argumentam que o Brasil não deve aderir à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), um cartel formado por 13 nações que historicamente vivem sob algum tipo de conflito e impõem cotas ao comércio de petróleo. O mais interessante ao país seria ter independência na hora de fechar seus negócios nessa área.

- O ideal para o Brasil seria ficar fora (da Opep) e determinar seu ritmo de comércio - avalia o analista da área de petróleo da corretora BES, Gilberto Pereira de Souza.

Tupi poderá tornar o Brasil exportador de petróleo

Tupi fica numa camada pré-sal com extensão de 800 quilômetros ao longo das bacias do Espírito Santo, de Campos (RJ) e de Santos (RJ, SP, PR e SC). Estima-se que Tupi tenha entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo, o que aumentaria em quase 50% as reservas nacionais, hoje de cerca de 14 bilhões de barris. A produção em escala comercial de Tupi só deve ser concretizada daqui a seis ou sete anos. Mas, se confirmado seu potencial, o Brasil será alçado à categoria de um dos maiores exportadores do mundo.

Novos sinais desse potencial foram dados na semana passada, quando a Petrobras anunciou a existência de mais uma jazida de petróleo na camada pré-sal, na Bacia de Santos.