Título: Gim demite equipe de Roriz
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 23/04/2009, Política, p. 11

Nove assessores são exonerados do gabinete do senador petebista. Demissão ocorre depois de inauguração de escritório político do peemedebista

O senador Gim Argello (PTB-DF) exonerou nove assessores da cota do ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) que permaneceram no gabinete no Senado mesmo depois da renúncia do peemedebista em julho de 2007. Todos são pessoas do staff mais próximo de Roriz, como seu secretário particular, José Cassemiro, a enfermeira que durante anos o atendeu no governo, Marilda Ferreira da Silva, e o líder comunitário Francisco Dorion, ex-administrador regional de Samambaia e hoje presidente da Federação dos Inquilinos do Distrito Federal.

A demissão ocorreu logo depois da inauguração do escritório político de Roriz, no Setor de Indústrias, há uma semana. Todos que os servidores exonerados vão trabalhar diretamente com o ex-governador. Na festa de abertura do novo espaço de trabalho de Roriz, Gim deixou claro em seu discurso que pretende concorrer ao GDF no próximo ano. Líder do PTB e vice-líder do governo no Senado, ele tem conseguido abrir espaço político no Palácio do Planalto e mantém uma boa relação com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata do PT à Presidência da República. ¿É natural que a equipe de Roriz queira se juntar a ele agora. Mas todos foram muito úteis no gabinete enquanto serviram a mim¿, garante Gim.

Segundo o senador petebista, Francisco Dorion ¿ um dos incentivadores de invasões de terras como alternativa para a falta de moradia da população de baixa renda ¿ acompanhava o andamento das comissões permanentes do Senado. Mesmo trabalho era, segundo Gim, exercido por Marilda. A enfermeira se dedicava às questões de saúde discutidas no Senado. Cassemiro, que é policial militar da reserva, atuava, segundo Gim, em assuntos relacionados à área militar. O policial é um dos mais próximos assessores de Roriz. Conhece toda a rotina do ex-governador a quem se refere como chefe.

Operação Cassemiro, inclusive, aparece nas conversas que levaram à renúncia de Roriz ao mandato do Senado, interceptadas pela Operação Aquarela, como o responsável pelo transporte do dinheiro tratado com o então presidente do Banco de Brasília (BRB), Tarcísio Franklim de Moura. Cassemiro chegou a prestar depoimento aos policiais civis e promotores de Justiça que investigam o caso. Segundo a assessoria do ex-governador, as exonerações ocorreram de forma tranquila, sem rompimentos com Gim Argello. Os servidores agora ficarão integralmente dedicados ao trabalho com Roriz, que tem se apresentado como potencial candidato a um novo mandato no Executivo.

Com as exonerações, Gim Argello se livra também de acusações de desvio de funções de assessores de seu gabinete em meio a uma crise no Senado. Também marca uma nova fase em seu mandato. Depois de quase dois anos à frente do cargo, agora ele poderá montar a sua própria equipe. O senador trabalha para manter uma boa relação com Roriz, mas terá dificuldades com a base rorizista, como ficou demonstrado na inauguração do escritório do ex-governador. Gim foi um dos políticos vaiados no ato, junto com os deputados distritais Eurides Brito e Rôney Nemer, além do deputado federal Tadeu Filippelli, do PMDB.