Título: Orçamento está na pauta da última reunião ministerial do ano
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 26/12/2007, O País, p. 5

Lula admite medidas emergenciais para repor perda da CPMF.

BRASÍLIA. Depois de passar o Natal com a família na Granja do Torto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandará hoje a primeira reunião de coordenação de governo desde que a prorrogação da CPMF foi rejeitada no Senado, no último dia 13, impondo-lhe uma dura derrota política. Nesta, que é também a última reunião do ano, será feita uma avaliação do desempenho do governo em 2007 e das perspectivas para 2008, diante do primeiro desafio do ano: o ajuste do Orçamento da União a uma receita R$40 bilhões menor do que a inicialmente prevista.

Para cobrir o rombo deixado pela perda de arrecadação da CPMF, o governo sabe que aumentar impostos é quase inevitável, mas quer que o impacto seja o menor possível. Para isso, o Palácio do Planalto aposta em cortes no Orçamento, que não deverão atingir todas as áreas linearmente, preservando o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a área social; e no incremento da arrecadação por meio de novas receitas, como a privatização da terceira geração da telefonia celular.

O presidente determinou aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) que apresentem as medidas para compensar a CPMF no próximo ano. E deu o tom: não quer saber de pacotes. Mas Paulo Bernardo já avisou que algum imposto deve aumentar. Na semana passada, em um café da manhã com jornalistas, Lula afirmou ter "ojeriza a pacote". Para ele, é melhor que as medidas sejam apresentadas individualmente. Mas admitiu que pode tomar medidas administrativas emergenciais para cobrir o buraco até a votação do Orçamento Geral da União, em fevereiro.

Congresso tenta preservar R$12 bilhões em emendas

A idéia do governo é fazer os cortes no Orçamento em parceria com o Judiciário e o Legislativo. Enquanto o Executivo quer preservar o PAC e os programas sociais, o Congresso pretende evitar cortes nas emendas parlamentares - num total de R$12 bilhões - e o Judiciário trabalha para manter a construção de sedes de tribunais. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que, além dos cortes, o governo deverá diminuir a contratação de pessoal para enquadrar os gastos dentro de uma receita menor.

Além de Lula, participam da reunião de coordenação o vice José Alencar, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e os ministros Franklin Martins (Comunicação Social), Luiz Dulci (Secretaria Geral), Tarso Genro (Justiça), José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), Mantega e Paulo Bernardo. Ainda hoje, o presidente terá audiências individuais com Mantega e Dilma.