Título: Presidente vai à TV destacar momento extraordinário
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 27/12/2007, O País, p. 10

Tom é otimista, e más notícias serão evitadas, diz ministro.

BRASÍLIA. Num ano em que os ministros usaram ao máximo o direito de convocar cadeia de rádio e TV para fazer pronunciamentos a respeito dos mais diversos assuntos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará hoje à noite, às 20h, também em cadeia nacional de rádio e TV, um pronunciamento para contrapor a visão de que o governo saiu derrotado de 2007 com a perda da CPMF, derrubada pelo Senado. Segundo o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, Lula falará sobre "notícias alvissareiras".

- O presidente Lula vai dar um presente de Natal para os brasileiros - disse Múcio.

Em 2007, até mesmo o desconhecido ministro da Secretaria Especial da Agricultura e Pesca, Altemir Gregolin, convocou a rede obrigatória no final de setembro e falou, por três minutos, para anunciar a campanha do governo de incentivo ao consumo de pescado, pedindo que os brasileiros incluam esse alimento nas suas refeições. Mas o campeão foi o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que falou três vezes.

Lula, segundo José Múcio, irá abordar temas como crescimento da economia, perspectivas para 2008, e o "momento extraordinário" pelo qual passa o país, na visão do governo. Assuntos que têm sido causa de dor de cabeça atualmente para o Palácio do Planalto, como a rejeição da CPMF e de onde cortar recursos para compensar a perda de R$40 bilhões, não serão tratados, ainda segundo o ministro José Múcio.

Ministros utilizaram cadeia de TV e rádio 17 vezes

Este será o terceiro pronunciamento em cadeia de rádio e TV feito pelo presidente Lula em seu segundo mandato. Os ministros ocuparam a rede em 17 ocasiões. No primeiro mandato, Lula fez 11 pronunciamentos e seus ministros, 41. Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante os oito anos de mandato, ocupou a rede de rádio e TV em 28 ocasiões.

A possibilidade de aumento de impostos, como já admitiu o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também não fará parte do pronunciamento do presidente. Afinal, como definiu José Múcio, é Natal e é época de celebração, não de más notícias.

- Será um pronunciamento otimista, dividindo com os brasileiros os ganhos do país. O presidente vai falar sobre a economia, o crescimento e o momento extraordinário que o Brasil está vivendo - declarou, para completar:

- Época de Natal não é época de se falar de impostos. As notícias serão alvissareiras, não obstante algumas derrotas e problemas.

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