Título: Fábio Faria se diz confiante
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 24/04/2009, Política, p. 2

O deputado Fábio Faria (PMN-RN), maior expoente da farra das passagens aéreas, saiu ontem de um encontro com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), sentindo-se anistiado. Aposta que não responderá a processo disciplinar por ter pago passagens para atores prestigiarem o seu camarote no Carnatal, o carnaval fora de época da capital do Rio Grande do Norte.

¿Ficou provado que esta é uma discussão coletiva¿, afirmou o deputado ao deixar a reunião com Temer. Ao anunciar as propostas para limitar o abuso com as passagens, o presidente da Casa concedeu um ¿habeas corpus¿ a todo mundo: ninguém será obrigado a ressarcir os cofres públicos por ter dado passagens para a família, amigos e terceiros viajaram para qualquer destino. Segundo Faria, ele também não pode responder a processo ou ser alvo de inquérito na Corregedoria, pois não havia regras claras para limitar a emissão das passagens aéreas.

Essas foram as primeiras palavras de Faria desde o estouro do escândalo. Ele tinha ficado calado desde então. Ontem, porém, disse que seguirá recomendação do presidente da Câmara para não se pronunciar. Mas essa certeza de impunidade de que está livre de um processo disciplinar não foi dada por Temer.

O presidente da Casa ainda não decidiu se encaminhará a denúncia contra o deputado potiguar à Corregedoria. Uma decisão deve ser tomada na próxima semana e será em conjunto com o corregedor ACM Neto (DEM-BA). Na Câmara, cresce o sentimento de que o caso Faria não é igual ao da maioria dos deputados. Uma coisa é usar a cota de passagens ao bel-prazer para familiares e amigos, argumentam, a outra é usar dinheiro público para que pessoas famosas prestigiem um negócio próprio.

Faria devolveu à Câmara R$ 23,7 mil referentes a passagens emitidas à ex-namorada Adriane Galisteu, à antiga sogra, a três atores e outras sete pessoas. O deputado potiguar utilizou dinheiro público para bancar a passagem de Kayky Brito, Stephany Brito e Samara Felippo, que prestigiaram seu camarote em Natal.

O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), é partidário dessa tese. ¿No caso do Fábio Faria, pagar para a Adriane Galisteu não é o problema. Levar artistas para trabalhar no camarote dele, é¿, afirmou o petista.

Essa avaliação faz Fábio Faria se enquadrar na mesma vala do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG), que responde a processo no Conselho de Ética, por ter injetado dinheiro da verba indenizatória em suas duas empresas de segurança privada.

Venda Reportagem da Agência O Globo de ontem mostra que o deputado Aníbal Gomes (PMDB) teria vendido cota de passagens para uma agência de turismo. O deputado teria admitido a venda para cobrir dívidas com a operadora Infinity Turismo, que pertence a Márcio Bessa, irmão de Ana Bessa, assessora de Aníbal e responsável por administrar a cota aérea. Na lista de beneficiados do peemedebista, está Ricardo Zoghbi, filho do ex-diretor do Senado João Carlos Zoghbi (leia: Viajantes do Senado).