Título: General acusado diz que nunca ouviu falar de militante e quer retratação
Autor: Araújo, Vera Gonçalves de
Fonte: O Globo, 28/12/2007, O Mundo, p. 29

Euclydes Figueiredo se defende e ao seu irmão ex-presidente.

Um dos processados pela Justiça italiana pelo seqüestro de Horacio Campiglia, no Rio, o general Euclydes de Oliveira Figueiredo Filho, de 88 anos, disse que nunca ouviu falar do militante ítalo-argentino e que pedirá retratação pelas acusações. O GLOBO anteontem publicou, erradamente, que o general já morrera. O Instituto Félix Pacheco (IFP) dera a informação errada de sua morte porque o general tem o mesmo nome de seu pai. Euclydes Figueiredo Filho mora com a segunda mulher, Maria Luiza, de 62 anos, no Catete, onde passa a maior parte do tempo lendo e, atualmente, se aprofunda nos assuntos ligados à religião.

Em 1980, época do desaparecimento de Horacio Domingo Campiglia, no Aeroporto do Galeão, o general era da 1ª Divisão do Exército do Rio - e não do I Exército, como foi publicado ontem. O general diz que tanto ele como seu irmão, o presidente João Baptista de Figueiredo, já falecido, nada sabiam da Operação Condor. Euclydes é o quarto dos seis irmãos, um ano e meio mais velho que João Figueiredo.

- Nunca ouvi falar nesta pessoa (Campiglia). Infelizmente, meu irmão não está mais conosco para se defender. Servi com João diversas vezes e ele nunca me falou desta operação. Estou tomando conhecimento pela imprensa - disse o general.

O militar disse desconfiar que as acusações, depois de 26 anos, tenham algum objetivo:

- Não sei quem é o autor desta invenção. Só sei que ele terá de provar. Deve ter algum objetivo que eu não sei qual é. Vou exigir, por meio da Justiça, uma retratação. Trabalhei no gabinete militar da Presidência, fui adido militar na Colômbia, comandei a Escola Superior de Guerra, em 1983, entre outras funções. Foram 47 anos servindo ao Exército.

Sua mulher também saiu em defesa dele:

- Tenho certeza de que ninguém duvidará do meu marido, que é um homem de uma lisura ímpar e que pode colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz, coisa que poucas pessoas podem fazer.

Outros dois militares que viviam no Rio e foram listados pela Justiça italiana não estão mais vivos. Ambos moravam em Copacabana. Parentes do ex-secretário de Segurança do Rio Edmundo Murgel não quiseram dar entrevista e informaram que ele morreu há 14 anos. De acordo com vizinhos e funcionários do prédio de Agnello de Araújo Britto, o militar morreu este ano.