Título: Amazônia: aumento da devastação é desafio para Marina em 2008
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 31/12/2007, O País, p. 3

Ministra do Meio Ambiente promete lista de municípios que mais derrubam árvores na região.

BRASÍLIA. No último ato público do ano, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, acendeu a luz amarela ao admitir uma nova alta no desmatamento da Amazônia. Menos de um mês depois de comemorar a terceira redução anual seguida das derrubadas na floresta, entre agosto de 2006 e julho de 2007, ela informou, no dia 21, que o índice voltou a subir 10% nos últimos quatro meses em relação ao mesmo período do ano passado. O alerta reforçou a preocupação de ambientalistas que acompanham o monitoramento por satélite da região.

Para o superintendente de Conservação da WWF Brasil, Carlos Alberto Scaramuzza, os próximos meses vão definir se os resultados positivos foram fruto da ação do governo ou apenas conseqüência da queda no preço das commodities, que teria desacelerado a expansão do agronegócio sobre as áreas cobertas pela floresta.

- Como os preços voltaram a aumentar, agora vamos saber o quanto a fiscalização contribuiu para os números comemorados pelo ministério - afirma.

Para frear a nova alta no desmatamento, Marina anunciou novas medidas para obrigar os proprietários de terras mais devastadas a prestar contas ao Incra. Ela prometeu ainda divulgar, em janeiro, uma lista dos municípios que mais derrubam árvores na Amazônia. A preocupação está concentrada em três estados: Pará, Mato Grosso e Rondônia.

Num ano tumultuado no Ministério do Meio Ambiente, a ministra promoveu mudanças na equipe e no discurso para estancar o processo de fritura que sofria desde o fim do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de afastar o secretário executivo Cláudio Langone e o presidente do Ibama Marcus Barros, ela fatiou o órgão para criar o Instituto Chico Mendes, que assumiu a gestão de parques e reservas ambientais. A ministra confiou o novo instituto a seu fiel escudeiro João Paulo Capobianco. Em contrapartida, enfrentou duras críticas e dois meses de greve dos servidores do Ibama.

Marina também baixou a resistência contra a construção de hidrelétricas no Rio Madeira, uma atitude que irritava o presidente Lula e ameaçava selar sua demissão do ministério. No último dia 10, o governo licitou a construção da primeira usina do futuro complexo de geração de energia, uma das obras prioritárias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). (Bernardo Mello Franco)