Título: Prorrogação dos trabalhos em 2008
Autor: Brito, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 24/04/2009, Política, p. 4

A CPI dos Grampos caminhava para seu fim em meados de 2008 sem grandes descobertas de escutas ilegais ¿ encontrou apenas ¿indícios¿ do suposto grampo contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), fato que motivara sua criação um ano antes. Contudo, a Polícia Federal deflagrou a Operação Satiagraha em julho passado e, logo em seguida, surgiram as primeiras suspeitas de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tenha atuado na ação policial. Mesmo à época não tendo suspeita de grampo ilegal, a CPI prorrogou os trabalhos até dezembro de 2008.

Ato continuo, a CPI começou a apurar essa cooperação Abin-PF e apareceu a transcrição de um diálogo, sem áudio, de uma conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. A comissão, assim como outros órgãos oficiais, não encontrou provas do grampo ilegal. Mais uma vez, a CPI foi prorrogada para março. Pouco antes do fim, novo adiamento. Desta vez, para apurar supostos abusos cometidos pelo delegado Protógenes Queiroz contra autoridades na Satiagraha. Tentou-se provar, sem sucesso, espionagem clandestina do delegado. Apesar da falta de grandes revelações, a CPI valeu por ter provocado a discussão sobre a banalização dos grampos e a ausência de controle do Estado sobre as escutas ¿ levando, por exemplo, o Conselho Nacional de Justiça a disciplinar suas autorizações. (RB)