Título: Morte de macacos alerta contra febre amarela
Autor: Souza, Isonilda; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 29/12/2007, O País, p. 4

População de Goiás vai aos postos em busca de vacina contra a doença; em Brasília, Parque Nacional é interditado

GOIÂNIA e BRASÍLIA. A população de Goiás começa o feriadão numa corrida aos postos de vacinação para conter o risco de um surto de febre amarela no estado. Em pelo menos 31 municípios foram registradas mortes de macacos silvestres. Em três animais foi constatada a presença do vírus transmissor da febre amarela. Só em Goiânia houve mortes de macacos em dez bairros.

Em Brasília, foram registradas as mortes de seis macacos nos últimos dez dias. Dois deles morreram no Parque Nacional de Brasília, conhecido como parque da Água Mineral, freqüentado por centenas de turistas e banhistas diariamente. Por prevenção, o Ibama fechou o parque, a pedido da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, até que os resultados dos exames fiquem prontos, o que deve levar, no mínimo, vinte dias.

A Secretaria de Saúde de Goiás lançou um plano emergencial de vacinação para imunizar cerca de 800 mil pessoas - 15% da população goiana - não vacinadas contra a febre amarela nos últimos dez anos. Equipes do Programa de Saúde da Família, agentes comunitários de saúde e de controle de endemias foram mobilizadas para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da febre amarela e da dengue.

Nos postos, faltam agulhas e seringas para os pacientes

Dos 31 municípios onde houve mortes de macacos, 14 ficam num raio de cem quilômetros de Goiânia. Muitas pessoas já enfrentam filas nos postos de saúde. A falta da vacina em algumas unidades obriga moradores de áreas consideradas de risco a percorrer vários bairros em busca do medicamento. Na quinta-feira, o Ministério da Saúde fez um repasse suplementar de 300 mil doses. Na capital, faltam seringas e agulhas, porque a prefeitura não estava preparada para a vacinação em massa.

O secretário-adjunto de Saúde do Distrito Federal, Jair Iamamoto, explicou que o bioma de Brasília é o mesmo do de Goiás, o que faz com que o governo adote medidas de precauções. Dos seis macacos mortos, dois morreram no parque da Água Mineral e outros quatro numa mata num bairro chamado Park Way. Esses quatro, segundo Iamamoto, teriam morrido intoxicados por ingerir frutas com fertilizantes.

(*) Especial para O GLOBO