Título: Temos que olhar para frente em 2008, diz Jucá
Autor: Braga, Isabel; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 29/12/2007, O País, p. 10

Para líder do governo, retomar diálogo com oposição é prioridade.

BRASÍLIA. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse ontem que o pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apenas mostrou o bom momento vivido pela economia e pelo país. Jucá afirmou que, mesmo com as críticas da oposição, a principal tarefa do governo no Senado, em 2008, será de tentar restabelecer o diálogo. Apesar de admitir que será difícil a aprovação de grandes temas em ano de eleições municipais, Jucá afirmou que o governo deve enviar ao Congresso a proposta de reforma tributária. Segundo ele, esse seria um caminho para a retomada do diálogo com os partidos de oposição.

- Temos que olhar para frente em 2008 e não ficar olhando para o retrovisor - disse Jucá.

Líder diz que novo imposto para saúde pode ser estudado

O líder disse que o governo trabalhará com base em três alternativas para compensar os efeitos do fim da CPMF nas contas públicas: cortes no Orçamento de 2008, reestimativa da receita devido a um crescimento maior da economia e um ajuste tributário, que poderia incluir o aumento de alíquota de tributos já existentes ou mesmo a criação de um novo tributo para financiar a Saúde.

- Temos que fazer a reforma tributária e redimensionar a questão tributária no país. Essa reforma não é para o governo do presidente Lula e sim para os próximos. Claro que perder R$40 bilhões é difícil, mas temos que analisar isso com calma - disse Jucá.

O presidente do DEM, Rodrigo Maia, que criticou o pronunciamento do presidente, acusou ainda o governo Lula de não proporcionar melhoras nos programas assistenciais já existentes e nem cobrar a contrapartida da freqüência nas escolas dos filhos de famílias beneficiadas pelo Bolsa-Família. De acordo com a nota, mais de 20% dos beneficiados pelo programa não freqüentam as aulas. O governo reconhece que tem controle de frequência de mais de 84% das crianças.

Maia afirmou ainda que Lula excluiu de seu discurso o aumento de 10% no desmatamento da Amazônia - admitido pela própria ministra do Meio Ambiente, Maria Silva - o apagão aéreo e o racionamento de gás. Segundo Maia, é deprimente ouvir o presidente Lula, que está desde 2003 no poder, fazer promessas em vez de prestar contas do que faz.