Título: Itália pediu informação sobre outro guerrilheiro
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 29/12/2007, O Mundo, p. 32

Militante desapareceu no Araguaia.

BRASÍLIA. A pressão da Itália pelo esclarecimento das circunstâncias das mortes de cidadãos italianos durante a ditadura militar brasileira não se limita aos seqüestros de Horacio Domingo Campiglia e Lorenzo Ismael Viñas. O embaixador italiano, Michele Valensise, cobrou, no início do ano, apoio do governo brasileiro para a localização e repatriação das ossadas de Libero Giancarlo Castiglia, italiano desaparecido na guerrilha do Araguaia, em 1973.

O governo brasileiro prometeu ajudar. Mas o apoio depende, em parte, da liberação dos arquivos militares sobre a guerrilha, conforme decisão, já em caráter definitivo, da Justiça Federal. Numa medida de precaução, o ministro-chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, viajou até a Calábria, na Itália, para colher fios de cabelo e gotas de sangue da mãe de Castiglia. O material ficará arquivado no banco de DNA da secretaria para, no futuro, ser confrontado com restos mortais dos mortos na guerrilha que venham a ser localizados.

Castiglia nasceu em 1944 na Itália e se mudou com a mãe, Elena, e três irmãos, para o Rio de Janeiro, em 1955. Militante do PC do B, em 1967 Castiglia viajou para o Araguaia em companhia de Maurício Grabois e Elza Monnerat. Depois de um ataque do Exército a um dos focos da guerrilha, em 25 de dezembro de 1973, Castiglia foi dado como desaparecido. Até hoje os familiares ainda não se conformaram com a falta de explicações sobre seu sumiço.