Título: Jucá diz que não houve traição nem pacote
Autor: Camarotti, Gerson; Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 03/01/2008, O País, p. 8

Para Bornhausen, o cidadão comum é quem vai pagar a conta.

BRASÍLIA. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), reagiu às críticas da oposição às medidas tributárias, alegando que o aumento de alíquotas do IOF e da CSLL representou apenas 25% das ações anunciadas:

- Não houve traição. A oposição está vendo coisa que não existe. Até porque, em relação aos cortes, o Congresso vai se manifestar ao discutir o Orçamento. Não houve nenhuma ação fora do perfil tributário atual. O governo também não anunciou nenhum pacote. Houve apenas um ajuste.

Os aumentos dos impostos (IOF e CSLL) anunciados ontem pelo governo serão pagos integralmente pelo cidadão comum, segundo avaliação do deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC). Para ele, o aumento do CSLL para o setor financeiro serve de palanque para o governo mas é repassado para o cidadão comum, via crédito habitacional, crédito direto ao consumidor e outros tipos de financiamento.

- É menos renda, é menos crescimento, menos emprego. O aumento do IOF atinge direto o cidadão, desde a compra de um armário e a CSLL vai ser apenas repassada, pelo aumento da taxa de juros, por exemplo - disse o deputado.

"Isso é um assalto", critica deputado do DEM

A preocupação com a possibilidade de uma recessão da economia mundial foi manifestada pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) ao criticar as medidas fiscais:

- Isso é um assalto. O mundo está preocupado com a recessão americana. Nenhum governo iria aumentar impostos com a possibilidade de recessão da economia mundial. É um governo que não merece crédito. Só pode abalar a credibilidade do presidente.

- O governo faz um grande erro ao aumentar o IOF, aumenta o custo Brasil e tira a competitividade - disse o deputado Júlio Semeghini (PSDB-SP)

Senadores tucanos que participaram da negociação com o Planalto também reagiram:

- Foi feito um compromisso de que não haveria aumento da carga tributária. Ou seja, o presidente Lula não sofre de metamorfose ambulante, mas de oportunismo ambulante. O governo começou o ano com o pé esquerdo - atacou o senador Flexa Ribeiro (PA).

- Como o governo pode esperar boa vontade da oposição se não cumpre acordo? O que o governo poderia ter feito seria cortar estruturas desnecessárias como ministérios inteiros - reforçou Álvaro Dias (PR).