Título: Peso extra no bolso do consumidor
Autor: Novo, Aguinaldo; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 04/01/2008, Economia, p. 17

PACOTE DE ANO NOVO

IOF cobrado em operações de crédito será maior do que a economia gerada pelo fim da CPMF.

Ocusto com o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1,5% para 3% nas operações de crédito será superior ao que o consumidor economizará com o fim da CPMF. É o que diz a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), que divulgou simulações de financiamentos com as novas alíquotas. Segundo as regras anunciadas pelo governo - válidas a partir de decreto publicado no Diário Oficial ontem à noite -, cabe ainda a cobrança adicional de 0,38% nas operações, que não foi considerada nas simulações.

Com a alíquota anterior, quem comprasse uma TV de 26 polegadas em 12 prestações tinha de desembolsar R$180,09 por mês, a uma taxa de juros de 6%. Ao fim do financiamento, o aparelho sairia por R$2.161,08. Com o novo IOF, o total chega a R$2.176,56. Nessa simulação, a diferença entre o valor pago com o IOF de 1,5% e o de 3% é de R$15,48, quase o dobro do que o consumidor ganharia sem a CPMF. O vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira, afirmou que o prejuízo aumenta com a ampliação dos prazos.

Financiamento da casa própria escapa de incidência do IOF

Segundo Oliveira, os custos podem ser mais salgados, se os bancos repassarem ao consumidor a alta de 9% para 15% da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), Walter Machado de Barros, disse que deve haver aumento dos juros no crediário.

Oliveira avalia que a demanda por financiamentos no país não deve ceder, já que o brasileiro compra quando a "prestação cabe no seu bolso".

Pelo decreto, o crédito imobiliário não será afetado, mas as medidas prevêem IOF de 0,38% sobre operações que tinham alíquota zero, como crédito agrícola e para exportação.

O aumento do IOF deve custar R$45 por brasileiro, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), considerando alta de arrecadação de R$8 bilhões. A despesa per capita é menor do que seria com a CPMF, estimada em R$217, pois este imposto geraria R$40 bilhões no ano.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que o aumento de impostos foi "um presente lamentável". O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, vê riscos de retração no consumo e queda na arrecadação. O economista Mario Jorge de Mendonça, do Ipea, acha que a alta do IOF não afetará o PIB. A previsão do BC é que o volume de crédito no país atinja, em breve, R$1 trilhão.

COLABOROU Nadja Sampaio