Título: Distribuidoras: venda de carros não será afetada
Autor: Rodrigues, Lino; Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 05/01/2008, Economia, p. 19

PACOTE DE ANO NOVO: Em 2007, 2,3 milhões de veículos foram vendidos. Previsão é de crescimento de 20% este ano

Imposto maior não prejudica compra de automóvel a prazo, diz federação, pois acréscimo na prestação é pequeno

SÃO PAULO e RIO. O aumento na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) atinge os financiamentos de veículos e vai bater diretamente no bolso do consumidor, mas não deve afetar as vendas de automóveis novos este ano no país. A avaliação é do presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sérgio Reze.

Mesmo reconhecendo que o aumento do IOF será repassado integralmente aos compradores, Reze afirma que o impacto da elevação do IOF sobre o valor das parcelas dos financiamentos será pequeno e, por isso, não desestimulará o consumidor na hora de comprar um carro zero.

- Como cidadão e representante de uma entidade de classe, sou contra aumento de tributo, mas é óbvio que esse reajuste será repassado aos consumidores. Ninguém (revendas e bancos) vai tirar do bolso - disse Reze, que apresentou ontem os resultados do setor em 2007.

Parcela mensal de carro de R$25 mil fica R$26 mais cara

Pelos cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), o financiamento de um carro de R$25 mil, em 60 meses e com juros de 2% ao mês, sairá por R$45.976,80, mais caro R$R$1.561,80 com o IOF de 3,38% ao ano, ou R$26,03 em cada prestação. Por isso, segundo Reze, o acréscimo na prestação do veículo terá uma repercussão muito pequena no setor automobilístico. Mas, ressaltou, poderá trazer problemas para outros setores, como a indústria de eletrodomésticos.

- A renda de quem compra carro suporta esse aumento de IOF, mas boa parte dos compradores de fogões, televisores e geladeiras, que têm um poder de compra menor, pode deixar de adquirir os produtos por causa desse acréscimo do imposto - afirmou o empresário, que se disse "indignado" com a forma como o governo baixou o novo pacote tributário.

- O governo passou por cima de tudo. Ao contrário do que o presidente havia falado (que não haveria aumento de impostos), aumentaram as alíquotas de impostos sem consultar a sociedade. Ninguém foi ouvido - protestou.

Fiat liderou vendas de carros leves em 2007

O anúncio do aumento do IOF sobre o financiamento de veículos está fazendo a assistente financeira Ana Paula Martins Pires rever seus planos de comprar um automóvel ano 2005. Ela estava entre um modelo Palio e um Fox e pretendia financiar parte do valor do carro em 36 parcelas.

- Estava fazendo as contas com meu marido para comprarmos um carro, mas desanimei com o IOF. Somando os juros do financiamento e o imposto, a prestação fica mais salgada. Já estou até pensando em trocar peças e melhorar o meu antigo carro para ficar com ele por mais um ou dois anos - diz.

Ana Paula pretendia financiar R$7.500 do valor total do carro em 36 vezes. Cada parcela, incluindo o IOF, sairia a R$334,29. Na conta total, ela pagaria R$225 a mais por causa do imposto.

Se o caso de Ana Paula não for o padrão, como prevê Reze, da Fenabrave, as vendas de automóveis vão se manter elevadas este ano. No ano passado, houve crescimento de 27,8% no número de veículos licenciados em relação a 2006, segundo a entidade. Foram 2,3 milhões de veículos vendidos no ano, superando o recorde de 1997 - que foi de 1,9 milhão de unidades.

A Fiat manteve a liderança de vendas no segmento de automóveis e comerciais leves, com 25,9% do mercado, seguida da Volkswagen, com 22,7%. A General Motors ficou em terceiro lugar, com 21,2%.

Por modelo, o Gol, que por vários meses dividiu a liderança com o Palio, foi o carro mais vendido em 2007, com 243.164 unidades comercializadas. A expectativa da Fenabrave é de crescimento de 20% em 2008.