Título: Planalto vai voltar a escalar articuladores
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 06/01/2008, O País, p. 12

Palocci e Eduardo Campos devem ajudar nas negociações.

BRASÍLIA. O governo já identificou que, sem uma negociação, o corte de R$20 bilhões no Orçamento poderá se transformar num grande problema dentro da própria base aliada. Os governistas, de olho nas eleições municipais desse ano, avisaram que vão brigar muito para não perder as emendas.

- Antes de definir os cortes, o governo terá que fazer uma conversa com os líderes aliados. Não pode chegar ao Congresso um prato feito. Afinal, quem vai votar somos nós. Caso contrário, o Orçamento não será aprovado - disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

- O que ocorreu no Senado, com a derrota da CPMF, foi falta de entrosamento, de diálogo. Faltou saliva. O governo não pode errar novamente - reforçou o líder do PP, deputado Mário Negromonte (BA).

O Palácio do Planalto está especialmente preocupado com a dificuldade para votar a MP que aumenta a CSLL. A matéria será votada na Câmara e no Senado. Mas a oposição já avisou que vai obstruir a pauta no Senado, o que deve dificultar muito a tramitação da matéria no prazo de 90 dias.

Diante de tantas dificuldades, e determinado a não sofrer novas derrotas como a da CPMF, o governo resolveu montar uma estratégia paralela de articulação política, que seria mais descentralizada, para tentar evitar a deterioração da negociação política com o Congresso em 2008.

Aliados devem ajudar no diálogo com oposição

O Planalto decidiu escalar um grupo de articuladores informais, acreditando que foi produtivo o modelo adotado na negociação da CPMF, na fase final, com o deputado e ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci e o governador Eduardo Campos (PSB-PE). A avaliação no governo é a de que, se os dois estivessem desde o início na articulação, a CPMF teria sido aprovada. Principalmente, porque os dois tinham bom trânsito na oposição e conhecimento técnico.

Por isso, em matérias polêmicas, deverão ser acionados aliados que transitam bem nos setores e assuntos em discussão. Além de Palocci e Campos, o Planalto avalia que tem capacidade para negociar matérias importantes no Congresso políticos como o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), o ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PC do B-SP), petistas como o ex-governador Jorge Viana, e os governadores Marcelo Déda (SE) e Jaques Wagner (BA) e até mesmo o ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

- Vamos aproveitar o mês de janeiro para conversar com todo mundo. Será o período para aparar as arestas - disse o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.

ALÍVIO NA AÇÃO DO BC CONTRA A INFLAÇÃO, nas páginas 27 e 28