Título: Governo tenta reconquistar apoio no Congresso
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 06/01/2008, O País, p. 12

Após reações ao pacote, ofensiva do Planalto busca votos para aprovar Orçamento e aumento da alíquota da CSLL.

BRASÍLIA. Preocupado com os reflexos negativos no Congresso do pacote para compensar as perdas com o fim da CPMF, o Palácio do Planalto resolveu fazer uma ofensiva na área política para recompor um clima favorável até fevereiro. O governo identificou forte resistência às medidas, não só na oposição, mas também em setores da base aliada. E por isso serão iniciadas as conversas com líderes e dirigentes dos partidos aliados durante o período de recesso parlamentar, em janeiro. E o Planalto planeja também convocar um grupo de articuladores políticos informais para tentar amenizar o desgaste do aumento de impostos.

Orçamento, CSLL e MP da TV pública preocupam

São três as preocupações imediatas do governo na pauta do Congresso Nacional. A primeira dificuldade do Planalto, assim que o Legislativo voltar do recesso, no dia 11 de fevereiro, será a votação da medida provisória que estabelece o aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), uma das medidas do governo para compensar as perdas com o fim da CPMF. A oposição ameaça obstruir a votação.

O governo também já identificou que terá dificuldade na aprovação do Orçamento. Um outro ponto também passou a receber atenção palaciana: a oposição também promete dificultar a votação da medida provisória que cria a TV pública. Além disso, a reforma tributária, que já não tinha grandes chances de ser aprovada, ficou praticamente inviabilizada com o clima de animosidade no Congresso.

Diante desse agravamento do quadro político, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, vai intensificar nas próximas semanas os contatos com os principais líderes da base aliada para amenizar os reflexos negativos do pacote. O próprio presidente Lula manterá os contatos políticos em janeiro. Começa com um encontro com o PMDB na próxima quarta-feira. E poderá convocar o Conselho Político - que reúne dirigentes e líderes de todos os partidos aliados - antes do carnaval.