Título: Governo amplia vacinação contra febre amarela
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 08/01/2008, O País, p. 10

Com mais uma suspeita, agora em Brasília, Ministério da Saúde recomenda imunização em 18 estados e no DF.

BRASÍLIA. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou ontem a suspeita do que pode ser o primeiro caso de febre amarela em Brasília, após a notícia de uma morte em Goiás, estado vizinho. O risco de novos casos de febre amarela levou o governo a recomendar ontem vacinação contra a febre amarela às pessoas que pretendem viajar para 12 estados e o Distrito Federal, e para algumas localidades de outros seis estados. Todas essas áreas são consideradas de risco.

O Ministério da Saúde garante que há estoque suficiente de doses para atender tanto aos viajantes como aos moradores desses locais que ainda não foram vacinadas ou que não estão mais imunes à doença. É necessário que se tome a vacina dez dias antes de seguir viagem para essas localidades.

Paciente internado esteve em Pirenópolis

Em nota, o Hospital Santa Luzia informou que o paciente Graco Carvalho Abubakir, de 38 anos, está internado desde a última sexta-feira com sintomas da doença. Abubakir está em estado grave e respira por aparelhos. Ele apresenta um quadro clínico típico de uma pessoa contaminada pelo vírus: febre alta, diarréia, náuseas e dores no corpo.

Abubakir está internado na UTI e seu caso é considerado grave, semelhante ao do lavrador João Batista Gonçalvez, que morreu em Goiânia, semana passada, com febre amarela.

Segundo o hospital, Abubakir, que não era vacinado contra febre amarela, esteve em Pirenópolis, cidade turística de Goiás próxima à capital federal, no réveillon. Ele foi a cachoeiras da região.

Além de os sete estados da Região Norte, dos três do Centro-Oeste e Distrito Federal, toda Minas Gerais e o Maranhão são considerados áreas de risco. O oeste dos estados do Piauí, São Paulo, Paraná e Santa Catarina foram classificados como área de transição. E o sul da Bahia e norte do Espírito Santo são tidos como de risco potencial.

A Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, informou que há um estoque de um milhão de doses para serem transportadas para esses locais. Desse total, 300 mil doses foram enviadas para Brasília e para Goiás. O estoque estratégico do governo está em Minas Gerais (394 mil doses), no Amazonas (301 mil) e no Paraná (300 mil).

O secretário de Vigilância em Saúde, Gerson Penna, afirmou que, a partir do segundo semestre de 2007, passou-se a registrar o risco de maior circulação do vírus da febre amarela e que, por isso, o ministério e os governos estaduais e municipais intensificaram a vacinação:

- Como a população que reside nas áreas de risco tem tido alta taxa de vacinação, a maior possibilidade de transmissão ocorre para indivíduos que não residem nessas áreas.

Nos últimos 12 anos, a febre amarela matou 161 pessoas

O Brasil produz cerca de 2,4 milhões de doses mensais. Penna não acredita que a febre amarela volte a atingir centros urbanos. A última vez que isso ocorreu foi em 1942. De acordo com dados do governo, nos últimos 12 anos foram notificados no 349 casos de febre amarela silvestre, que levaram à morte de 161 pessoas. O maior número de mortes ocorreu em Minas Gerais, onde foram registrados, ao longo desses doze anos, 41 óbitos. Goiás aparece em seguida, com 30 mortes; o Amazonas vem depois, com 26 casos.

Gerson Penna afirmou que a doença é completamente evitável e que o mosquito da dengue, o aedes aegpty, não transmite a febre amarela silvestre.