Título: Indústria recuou em novembro, após registrar alta recorde no mês anterior
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 08/01/2008, Economia, p. 18

Produção de máquinas e equipamentos tem alta de 8,6% em quatro meses.

A produção industrial recuou 1,8% em novembro, num movimento considerado pelo IBGE como de acomodação, depois da forte expansão de outubro - 3,3% a mais que no mês anterior. Na comparação com 2006, os números são positivos. Conforme divulgou ontem o IBGE, a produção frente a novembro de 2006 aumentou 6,7% e, no ano de 2007, acumula alta de 6%, a maior desde 2004. Naquele ano, a produção cresceu 8,3%:

- A queda de 3,9% na produção de veículos em novembro foi um dos principais causadores da redução na produção da indústria. Além disso, outubro registrou o maior patamar histórico de produção, mais difícil de superar - explicou André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE.

A queda atingiu a indústria como um todo. Dos 27 ramos pesquisados, houve queda em 18 deles. Até o calendário teve sua parcela de culpa no freio da produção. Além de menos dias úteis no mês, o feriado de Zumbi dos Palmares, comemorado em grandes pólos industriais, como Rio, São Paulo, Campinas e Duque de Caxias, também fez a produção encolher no mês.

De acordo com Mérida Medina, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), essa queda em novembro não configura uma nova tendência na indústria:

- Considerando o passado recente, de crescimento forte, a redução de novembro não é preocupante.

A mesma percepção tem Macedo, do IBGE. Ele toma por base os números da indústria no ano e nos últimos 12 meses, todos positivos e em alta:

- Até mesmo a indústria automobilística, que reduziu o ritmo, mantém tendência positiva no ano. Em outubro, havia crescido 7,7%. No ano, por exemplo, dos 27 setores, 22 crescem.

Faltando apenas um mês para fechar 2007 nos números da produção industrial, Macedo acredita que a taxa (até agora de 6%) pode se manter, o que configuraria a maior alta desde 2004. Em 2006, a expansão fora de 2,8% e, em 2005, de 3,1%. Macedo lembra que as exportações ainda impulsionam a indústria, mas diz que o mercado interno foi o responsável pelos bons resultados apurados até agora no setor.

- O avanço do crédito, da ocupação e da renda são algumas das explicações para o comportamento do setor.

Investimentos cresceram 20,6% em novembro

Destoando do restante da indústria em novembro, a produção de bens de capital continuou subindo no mês pesquisado. Na quarta alta seguida frente ao mês anterior, acumula crescimento de 8,6% em quatro meses. Quando se compara com o desempenho de 2006, as taxas mensais são de dois dígitos desde o início do ano passado. Em novembro, a alta chegou a 24,3%, a segunda maior desde janeiro de 2006.

Segundo Mérida, do Ipea, o investimento global, que inclui máquinas e equipamentos e construção civil, cresceu 20,6% em novembro frente a 2006. Houve expansão de 32% na produção de máquinas e de 6,7% nos insumos para construção civil. E essa taxa próxima de 20% se repetiu. Em outubro foi de 23,9%:

- No ano, o crescimento está em 13,5%, superior aos 12,3% previstos pelo Ipea.

Pela pesquisa do IBGE, a indústria, que produz caminhões, produtos de informática e de telefonia celular liderou o crescimento na categoria de bens de capital. De acordo com a economista Giovanna Rocca, do Unibanco, entre janeiro e novembro de 2007, o setor cresceu 19,5%, indicando que os investimentos continuam numa trajetória sólida. "A tendência para o desempenho da indústria nos próximos meses continua positiva", afirmou Giovanna no relatório divulgado ontem.