Título: Ministros se reúnem para apressar nomeações
Autor: Gois, Chico de; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 09/01/2008, O País, p. 5

Partidos aliados reivindicam 65 cargos federais; Lula terá encontro com PMDB para tratar de Minas e Energia.

BRASÍLIA. Para garantir o apoio da base aliada à aprovação do aumento de impostos, o governo decidiu apressar as nomeações para cargos federais nos estados, solicitadas pelos parlamentares desde setembro. Em listas separadas, os partidos aliados indicaram os principais 65 cargos nos estados. Para começar a autorizar essas nomeações, os ministros José Múcio (Relações Institucionais), Luiz Dulci (Secretaria Geral) e Paulo Bernardo (Planejamento) se reuniram ontem de manhã no Planalto. Com a revolta na base se avolumando por causa da ameaça de corte de emendas parlamentares, como forma de economizar parte dos R$20 bilhões no Orçamento deste ano, o Planalto autorizou o atendimento dos pleitos, alguns parados há dez meses, como admitiu o próprio José Múcio, ontem.

O ministro, no entanto, negou qualquer barganha:

- Esse trabalho estava parado porque nesses últimos 40 dias tivemos primeiro o episódio da CPMF, tivemos um tempo curtíssimo para que os parlamentares fossem atendidos e esse é um trabalho que estava parado. Hoje retomamos.

Múcio afirma que nomeações agora serão rotina

As nomeações deverão se concentrar em representações dos ministérios nos estados e alguns cargos em estatais. Indicações mais complexas e polêmicas, como as feitas para a Petrobras, por exemplo, não estão na mesa de negociação neste momento. Múcio disse que as nomeações, agora, fazem parte de uma rotina.

- (O objetivo) é manter as relações cordiais com a base e é um trabalho de rotina. Não estamos fazendo isso por conta de alguma coisa. Estamos fazendo porque precisamos fazer. São demandas represadas há 10 meses. Algumas consensuais, mas por questões burocráticas ou algum impedimento dentro de cada ministério não foram resolvidas - afirmou, estimando em dezenas os cargos nos estados cobiçados: - Vimos as demandas e vamos começar a tratar delas a partir de hoje (ontem), conversando com cada ministro da área (...) São ajustes naturais que todo governo tem de fazer.

Múcio evitou afirmar se já há definição, por parte do presidente Lula, sobre a indicação do senador Edison Lobão para o Ministério das Minas e Energia, mas a confirmação deve sair nos próximos dias. Hoje à noite ou amanhã, Lula terá um encontro com a cúpula do PMDB para tratar dessa indicação.

- Está próximo de ser resolvido, mas nem tratamos nesta reunião porque é um assunto do presidente - disse.

PP diz que só 3% dos postos prometidos foram ocupados

Segundo um peemedebista, a prioridade do partido é a definição do ministério e só depois tratar dos cargos regionais. Além da pasta, o partido quer retomar a presidência da Eletrobrás e ocupar a Diretoria Internacional da Petrobras (indicação pleiteada pela bancada da Câmara). O nome escolhido, segundo esse peemedebista, é Jorge Velada, que é superintendente na Petrobras.

No PP, as principais pendências, diz o líder da bancada, Mário Negromonte (BA), são regionais. Segundo ele, até agora apenas 3% dos cargos regionais prometidos aos aliados no início do segundo mandato foram preenchidos. Negromonte espera que uma solução em breve:

- Não é faca no pescoço, mas está na hora de regularizar a situação. As bancadas não vincularam as indicações às votações e pensaram primeiro no país.

O líder do PR, Luciano de Castro, afirmou que a prioridade do partido para cargos nacionais é a presidência da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). O PR também não abre mão de alguns cargos regionais, entre eles as Units (Unidades Regionais do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) de Santa Catarina e Paraíba. Outra pendência do PR é o cargo para acomodar o ex-tucano e ex-governador do Ceará, Lúcio Alcântara e manter Mário Márcio Rogan na Diretoria de Engenharia de Furnas.