Título: Incentivo ao setor não deve mudar
Autor: Doca, Geralda; Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 09/01/2008, Economia, p. 20

Economistas avaliam que impacto de mudanças será mínimo.

BRASÍLIA. O ano começou com duas medidas que elevam o custo do financiamento - os aumentos da alíquota do IOF e do prazo para empréstimos consignados a aposentados. Mas a maior parte dos especialistas acredita que isso não significa alteração na orientação da política econômica de incentivar o crédito. Economistas estimam até que o impacto no volume emprestado, se existir, será mínimo.

- Foram duas medidas negativas para o crédito, mas pontuais - afirmou o professor da USP, Fábio Kanzuk, para quem o governo não é ingênuo em acreditar que as medidas possam reduzir o ritmo de crescimento do crédito e, com isso, arrefecer a inflação.

O vice-presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), José Arthur Assunção, concorda. Ele vê a elevação do IOF como residual, sem impacto significativo na expansão dos financiamentos. Ela poderá até reduzir de forma leve o crescimento, que é superior a 20% ao ano. Para Assunção, a medida do consignado é positiva, pois alonga prazos e permite que o aposentado se endivide mais:

- O IOF tem pouco impacto no valor final dos financiamentos, que é o que o consumidor olha, se a prestação cabe em seu orçamento. A mudança no consignado faz com que as prestações fiquem menores, o que pode incentivar novos empréstimos.

Miguel de Oliveira, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), também não vê grande impacto no aumento das concessões de crédito. (Henrique Gomes Batista)