Título: Oi estuda aquisições e reestruturação acionária
Autor: Rosa, Bruno; Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 10/01/2008, Economia, p. 23

Empresa contrata assessoria para avaliar oportunidades de compra. Aumenta rumor sobre oferta pela Brasil Telecom

A Oi (ex-Telemar) quer ir às compras no Brasil. Em comunicado enviado ao mercado a pedido da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), diz que contratou uma assessoria externa para analisar oportunidades de aquisição de controle de empresas de telefonia celular ou fixa, internet ou televisão por assinatura. Também fará estudos para uma possível reestruturação acionária. Nos últimos dias, aumentaram os rumores de que a Oi estaria prestes a comprar a Brasil Telecom (BrT).

O mercado aposta na saída do GP da Oi, que tem ainda entre os sócios fundos de pensão e BNDES. A BrT conseguiu acalmar um imbróglio de anos, primeiro com o afastamento do Opportunity da gestão e, depois, com a saída da Telecom Italia da sociedade. Grandes fundos de pensão e o Citigroup - que, segundo fontes, quer sair da BrT - também são sócios.

Ontem à noite, o Radar On-line, coluna do site Veja.com, publicou que a Oi acertou na segunda-feira a compra da BrT, por R$4,8 bilhões - o contrato poderia ser assinado em até dez dias. Segundo o site, a nova operadora seria controlada por Andrade Gutierrez e La Fonte. Não houve confirmação do negócio. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pediu esclarecimentos às operadoras.

- Não é a ordem natural que uma compra de ativos seja concluída antes dessa reorganização societária, sem saber que acionistas saem - pondera uma fonte graduada ligada à Oi, fazendo coro com outro executivo ligado à operadora, que negou o negócio.

Não é a primeira vez em que a Oi tenta simplificar sua base acionária. Os controladores já fizeram duas propostas aos acionistas da holding, que fracassaram. Na operadora, já foi feita uma recompra de ações preferenciais (PN, sem direito a voto). Agora, os controladores estão fazendo nova recompra.

Sem um decreto presidencial mudando a lei, a transação Oi-BrT também não pode ser efetivada. Pela Lei Geral de Telecomunicações, duas concessionárias de telefonia fixa não podem ter o mesmo controlador. Mas o governo já disse que está interessado na criação de uma espécie de supertele nacional, unindo Oi e BrT, para concorrer com os espanhóis da Telefónica (donos da Telefônica e de metade da Vivo) e o grupo do mexicano Carlos Slim (que tem Claro, Embratel e um pedaço da Net). No comunicado, a Oi diz que todas as aquisições serão feitas seguindo a legislação.

Há outra questão no caminho da fusão. Há cerca de dois meses, surgiram especulações de que a BrT faria uma pulverização de seu controle na Bolsa. Para Daniella Marques, gestora de Renda Variável da Mercatto Investimentos, a medida seria positiva, pois, hoje, o preço do papel sofre com o imbróglio acionário. Na opinião de Alex Pardellas, da Banif, a pulverização inviabilizaria uma compra pela Oi, que teria de fazer uma oferta a milhares de acionistas.

Diante dos rumores de fusão, os papéis de ambas as empresas foram alvo de fortes especulações. As ações PN da controladora da Oi, a Tele Norte Leste Participações, subiram 16,58% desde segunda-feira. Já as ordinárias (ON) ganharam 15,18%. As ações ON da BrT subiram 9,38%, enquanto as PN, que têm pouca negociação, caíram 0,58%. No pregão de ontem, as ações da BrT caíram. Segundo analistas, foi devido a um relatório do UBS Pactual, que baixou a recomendação das ações, de "comprar" para "neutro".

Para o sócio-diretor da Rio Gestão de Recursos, André Querne, uma fusão entre as duas empresas seria positiva para todos os acionistas. A curto prazo, os detentores de papéis ON da BrT teriam direito a um prêmio equivalente a 80% do valor pago em cada ação do controle:

- A longo prazo, teríamos uma empresa única, operando telefonia fixa e móvel em praticamente todo o país, o que é positivo para todos os detentores de ações dessas empresas. A futura companhia teria um forte ganho de escala e grande sinergia. Além disso, provavelmente, ficará com uma relação entre valor de mercado e geração de caixa operacional muito mais alta que a de outras concorrentes.

COLABOROU Maria Fernanda Delmas