Título: Militares pressionam governo por reajuste
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 11/01/2008, O País, p. 5

A VIDA SEM CPMF: Jobim se reúne com Lula para conversar sobre cortes no orçamento da Defesa.

Comandantes das três forças contam que aumento seja concedido ainda no primeiro semestre.

BRASÍLIA. Apesar de o Ministério do Planejamento ter anunciado a suspensão de todos os reajustes para o funcionalismo, até que os cortes de R$20 bilhões no Orçamento da União sejam decididos, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os comandantes militares pressionam o Planalto para garantir um reajuste para a corporação este ano. Ontem, Jobim se reuniu com os comandantes das três forças para fazer um relato das negociações com a equipe econômica e, em seguida, se encontrou com o presidente Lula.

Segundo interlocutores, Lula garantiu a Jobim que, mesmo que haja corte nos investimentos previstos da Defesa ((R$9 bilhões), os recursos para o projeto do submarino nuclear estão garantidos, cerca de R$130 milhões ao ano. Enquanto Jobim estava no Planalto, o Comando do Exército divulgou nota sugerindo que a concessão do reajuste depende apenas da aprovação do Orçamento de 2008.

Assinada pelo comandante Enzo Peri, a nota cita o encontro com Jobim e as reuniões dele com a área econômica e Lula. E afirma: "Ficou definido que estão mantidos os entendimentos para o reajuste salarial dos militares, aguardando-se somente a recomposição da proposta orçamentária que deverá ocorrer em meados do próximo mês".

O informe, distribuído aos militares e posto no site oficial do Exército, diz que "após a referida recomposição (do Orçamento), serão definidas as condições para a concessão do reajuste". Segundo militares, Jobim tratou com Lula apenas da questão do reajuste salarial. Antes do encontro com o presidente, ele informou aos comandantes que o Planejamento não havia apontado quais seriam os cortes na verba das três forças.

Já na reunião com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, esta semana, Jobim disse que precisaria de algum reajuste, como prometera ano passado, "um reajuste politicamente possível". Mas a ordem no Planejamento é jogar aumentos e contratações para o segundo semestre, quando se terá noção se haverá excesso de arrecadação. Os militares esperam receber antes. Desde setembro, eles negociam reajuste com faixas que variam de 17% a 34%.

Ao assumir a Defesa, Jobim obteve um acréscimo de R$3,1 bilhões no orçamento da pasta para este ano, que ficou fixado em R$9 bilhões. Esse valor exclui a verba prevista no Programa de Aceleração do Crescimento para os aeroportos.

Ontem, o ministro Jobim fez questão de repassar aos comandantes do Exército, general Enzo Peri; da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito; e da Marinha, Julio Soares de Moura Neto, recado da equipe econômica. Mas salientando que ainda lutaria para evitar grandes perdas.