Título: Laudo confirma 1ª morte por febre amarela
Autor: Éboli, Evandro; Souza, Isonilda
Fonte: O Globo, 11/01/2008, O País, p. 10

RISCO À SAÚDE: Secretaria de Saúde de Goiás afirma que óbito de trabalhador rural em Goiânia teve outra causa

Vítima teria contraído a doença em Pirenópolis; inspeção não encontra mosquitos em bairro onde ele morava

BRASÍLIA e GOIÂNIA. Laudo do Laboratório Central da Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou ontem que o técnico em informática Graco Carvalho Abubakir, de Brasília, morreu vítima de febre amarela. Outro laudo, preliminar, descartou que tenha sido febre amarela a doença que matou o trabalhador rural João Batista Gonçalvez, em Goiânia. A morte de Abubakir é o primeiro caso confirmado de óbito causado pela febre amarela nesta crise.

A Secretaria de Saúde de Goiás investiga outros dois casos suspeitos: a morte de uma mulher de 63 anos, em Ceres; e um homem que está internado no Hospital de Doenças Tropicais em Goiânia. A secretaria de Minas Gerais já descartou a possibilidade de febre amarela no paciente que estava sob suspeita da doença: um pecuarista internado em Belo Horizonte. Quanto ao caso do empresário morto em Maringá (PR), a secretaria de Saúde do Paraná informou que há suspeita de que a morte tenha sido em decorrência de leptospirose, dengue hemorrágica, hantavirose e, por último, febre amarela.

O exame sorológico de Abubakir deu positivo. O subsecretária de Vigilância em Saúde do Distrito Federal, Joaquim Barros Neto, informou que a tendência é que a necropsia no corpo do brasiliense confirme a mesma causa. A morte por febre amarela também foi confirmada em nota do Ministério da Saúde. O secretário de Saúde do DF, Geraldo Maciel, porém, disse ontem que está praticamente descartada a hipótese de que Abubakir tenha se infectado em Brasília. Uma inspeção de agentes da Vigilância em Saúde no bairro Lago Norte, onde o servidor morava, não detectou a presença dos mosquitos que transmitem a doença. Abubakir passou o réveillon em Pirenópolis, em Goiás.

- É uma sinalização clara de que na área urbana não se registra a presença da febre amarela. No dia 2, ele (Abubakir) esteve no hospital e teria dito aos médicos que saiu de Brasília bem - disse Maciel.

João Batista Gonçalvez morreu em Goiânia no dia 5, após ficar sete dias internado com sintomas da doença. O resultado do exame de sorologia não apontou a causa da morte. Só o resultado da análise das vísceras dirá o que provocou a morte do trabalhador. O resultado deve ficar pronto em 30 dias.

No Distrito Federal, cerca de 600 mil pessoas já foram vacinadas contra a febre amarela desde o último dia 29. Esse número significa que, no DF, há mais revacinados (pessoas que se vacinaram novamente, e sem necessidade) do que vacinados. Isso porque a estimativa da secretaria de Saúde é que apenas 240 mil pessoas, 10% da população, de 2,4 milhões, ainda não estava imune contra a doença.

(*) Especial para O GLOBO