Título: Tarifa vai ficar mais cara em 2009
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 11/01/2008, Economia, p. 23

Para especialistas, custo maior de térmicas será repassado ao consumidor.

O custo da energia gerada em usinas termelétricas, que está sendo usada para preservar os reservatórios das hidrelétricas, vai pesar no bolso dos consumidores já a partir do próximo ano. O alerta é de diversos especialistas do setor, que explicam que as distribuidoras terão que repassar os custos maiores para as tarifas.

O professor Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) do Instituto de Economia da UFRJ, destacou que os preços médios da energia gerada nas térmicas a gás natural está variando atualmente no mercado entre R$230 e R$450 o megawatt hora (MWh), contra cerca de R$130 o MWh da energia hidrelétrica.

Nos últimos dias, devido à falta de chuvas suficientes para encher os reservatórios das usinas, o governo colocou em operação o máximo de termelétricas disponíveis. Estão sendo gerados cerca de 4.500 MW médios de energia térmica, dos quais cerca de 2.600 MW são com gás natural e o restante, a óleo.

Preço disparou no mercado para grandes consumidores

O coordenador do Gesel alertou que a decisão tomada ontem pelo governo de acionar mais térmicas a óleo vai ter impacto ainda maior nas tarifas cobradas dos consumidores: o custo da energia dessas térmicas é ainda superior ao das térmicas a gás.

- As térmicas a óleo são bem mais caras - destacou Nivalde de Castro.

Já Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), destacou que um outro importante indicador de que as tarifas vão passar a ter aumentos maiores a partir do próximo ano é a disparada dos preços da energia no mercado livre, onde é negociada a compra direta de energia entre grandes consumidores, sobretudo da indústria, e geradoras.

Ontem, a energia no mercado à vista estava sendo vendida a R$473,90 o MWh, um aumento de quase 92% em relação aos R$247,01 da semana passada. Em janeiro do ano passado, quando os reservatórios estavam cheios, o preço da energia no mercado livre estava em torno de R$28,16.

Mas os especialistas destacam que, do mercado total de energia, apenas 25% são consumidores livres. Esses contratos são de longo prazo, em geral de três anos ou quatro anos. No mercado à vista, no qual os preços dispararam, são feitas compras de pequenos volumes de curtíssimo prazo, para suprir eventuais necessidades.

O vice-presidente da Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica (Abracel), Walter Fróes, destacou que os preços altos da energia no mercado de curto prazo não afetarão as indústrias que compram a energia, nem os consumidores. Mas mostra a tendência de a energia ficar mais cara a médio e longo prazos.