Título: Para Dilma, país pode evitar o apagão
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 11/01/2008, Economia, p. 23

Uma das estratégias é fazer o Sul mandar energia para o Sudeste.

BRASÍLIA. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, garantiu ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o sistema elétrico brasileiro está preparado para evitar um apagão em 2008. Em exposição que dominou boa parte da primeira reunião da cúpula do Executivo este ano, ela - que foi a primeira ministra de Minas e Energia da gestão petista - afirmou que o país, ao contrário de 2001, tem hoje uma boa malha de usinas térmicas e um sistema interligado eficiente, que pode transferir energia entre regiões sempre que necessário.

Dilma disse ao presidente que, na próxima semana, serão enviados 1.000 MW da Região Sul para a Sudeste e uma quantidade ainda a ser definida do Norte (hidrelétrica de Tucuruí) para o Nordeste, área que vive a mais crítica das situações.

Além disso, observou a ministra, já está acertado que a Petrobras reduzirá o uso próprio de gás natural. Ela informou ainda que um navio de regaseificação do insumo liquefeito, alugado pela estatal, está para aportar no Brasil, reforçando a oferta nacional de gás.

- Não existe o menor risco de apagão em 2008. A situação atual é bem diferente da de 2001 (quando houve racionamento de energia) - disse um ministro que participou da reunião, reforçando as palavras de Dilma.

Primeira estratégia é mostrar ações na área de energia

O governo admite que o começo do período de chuvas está atrasado, mas conta com a previsão de que este cenário mudará. No encontro, Dilma salientou que a situação é confortável não apenas para este ano, mas também para 2009.

Mesmo atenuando a situação, o governo está preocupado. Para isso, está disposto a, desde já, evitar dificuldades para que o país possa crescer. Afinal, em 2008, o governo espera colher os frutos de investimentos feitos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com o PAC dando resultados, o governo pode conseguir, nas eleições municipais deste ano, um bom desempenho político, avaliam observadores políticos. E a falta de energia elétrica é uma ameaça séria ao crescimento econômico.

De olho nesse cenário, a primeira estratégia do governo é divulgar suas ações para a expansão do setor elétrico. Com isso, evita-se o discurso da oposição de que a situação está correndo frouxa. A outra estratégia é atrair investimentos - inclusive privados - para incrementar a oferta de energia.

Participaram da reunião, além de Lula e Dilma, o vice-presidente José Alencar e os ministros da Comunicação Social, Franklin Martins, das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Secretaria Geral, Luiz Dulci.