Título: Secretaria analisa falso negativo em caso de morte
Autor: Farah, Tatiana; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 12/01/2008, O País, p. 5

Motivo pode ter sido febre amarela.

GOIÂNIA e CURITIBA. Um dia após a Secretaria de Saúde de Goiás ter descartado febre amarela como causa da morte do trabalhador rural João Batista Gonçalves, de 31 anos, a secretária interina, Maria Lúcia Carnelosso, admitiu que o resultado inicial, com base em laudo preliminar pode ser um "falso negativo". Gonçalves morreu dia 5, em Goiânia.

- A sorologia não é conclusiva, e realmente pode dar falso negativo - afirmou Maria Lúcia.

A nova informação só foi divulgada depois que a médica Elizabeth Araújo de Oliveira, consultora do Ministério da Saúde em Goiás, duvidou do resultado negativo, divulgado anteontem pela secretaria estadual.

- Acompanhei esse paciente e tenho convicção de que os demais exames confirmarão a hipótese de febre amarela - disse ela.

Segundo Elizabeth, amostras de sangue coletadas no quinto dia após a apresentação dos sintomas não são confiáveis. Para os testes de sorologia, de acordo com a consultora, o ideal é que o sangue seja colhido no sétimo dia, o que não foi possível devido à morte do paciente.

Sem esconder o desconforto pelo desencontro de informações, Maria Lúcia negou que sua secretaria estivesse tentando omitir o caso da população. Disse que o Laboratório de Saúde Pública (Lacen) sempre deixou claro que o laudo era preliminar, e até evitou divulgar a causa da morte do paciente.

A secretaria investiga mais dois casos suspeitos no estado: o da aposentada Maria Geraldina da Silva, de 63 anos, que morreu quarta-feira, em Ceres, a 183 quilômetros de Goiânia, e foi enterrada em Mogi das Cruzes (SP); e o do espanhol Salvador Perez de la Cal, de 41, que passou férias com a mulher em Cristianópolis, em Goiás.

No município de Maringá, no Paraná, surgiu mais um caso suspeito de febre amarela. Edmice Modesto Silva, de 51 anos, foi internada, na noite de quinta-feira, após apresentar os sintomas da doença.

A paciente, que está fora de perigo, retornou na última terça-feira de Dourados (MS), uma das regiões consideradas de risco para a doença. Edmice permaneceu mais de 20 dias na cidade, em férias, e relatou que visitou uma fazenda e tomou banho em um rio da zona rural.

(*) Especial para O GLOBO