Título: Brecha para pressionar por mudança
Autor: Tavares, Mônica; Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 12/01/2008, Economia, p. 25

Para analistas, Telefónica e Telmex vão atrás de novas flexibilizações.

A compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi pode levar seus principais concorrentes - os espanhóis da Telefónica, donos de ativos como a Vivo e a Telefônica, e o grupo do mexicano Carlos Slim, que comanda a Claro, a Embratel e tem uma fatia da Net - a pressionarem o governo por novas flexibilizações na legislação do setor, acreditam especialistas. Embora o decreto presidencial que altera o Plano Geral de Outorgas esteja voltado para a telefonia fixa, a criação da supertele pode incentivar pressões.

Segundo fontes, as duas empresas estão insatisfeitas com a decisão do governo de editar o decreto. Com a maior concentração na telefonia fixa, outras companhias poderiam ser alvo de ofertas, como a GVT, empresa de telefonia móvel no Sul e Centro-Oeste, e o UOL.

Analistas acreditam que a Telefónica poderia pedir ao governo para unificar a Vivo e a TIM no país. A espanhola, dona de metade da Vivo, está no bloco de controle da Telecom Italia, dona da TIM, mas, por determinação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), tem de manter as duas independentes no país.

- A compra da BrT pela Oi pode desencadear uma série de novas ações e aumentar a concentração no setor. A Telefónica pode tentar unificar as operações de Vivo e TIM. Depois, ela se preocupa com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no que diz respeito à concentração de mercado. Ainda pode tentar unificar sua operação móvel com a concessão de telefonia fixa em São Paulo - diz Eduardo Roche, do Modal Management.

Os mexicanos também poderiam pedir uma flexibilização da Lei do Cabo, que restringe a participação de empresas estrangeiras em empresas de TV a cabo em até 49%, ressalta Valder Nogueira, analista do Santander. Com isso, o grupo poderia adquirir a Net. O mesmo poderia ser feito pela Telefónica, que tem participação na TVA:

- Ao se mudar o arcabouço legal, espanhóis e mexicanos vão querer participar da festa.