Título: Reservas podem ser o quádruplo das atuais
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 14/01/2008, Economia, p. 14

Volume de urânio no país passaria de 1,2 milhão de toneladas.

O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, com um volume conhecido de 309 mil toneladas. O presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Alfredo Tranjan Filho, lembra que essas reservas foram apuradas até 1987, ou seja, há mais de 20 anos. Segundo ele, não se pesquisou mais o potencial de reservas de urânio no país por dois motivos: o programa nuclear brasileiro ficou praticamente parado nestes 20 anos e as reservas conhecidas são suficientes para atender à demanda das usinas já em operação - Angra 1 e 2, além de Angra 3, prevista para ser inaugurada em 2014, e mais outras 12 usinas de mil megawatts de capacidade cada uma, que poderiam operar até o horizonte de 2060.

Pelos estudos da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), se o país crescer a uma taxa de 4,1% ao ano, serão necessárias quatro usinas nucleares de mil megawatts cada até 2030. Caso a economia cresça a 5,1%, serão necessárias oito usinas até 2030.

Segundo adiantou Tranjan, mesmo antes de se realizarem os levantamentos geológicos mais profundos, estima-se que existam mais de 900 mil toneladas de reservas de urânio no Brasil, além das 309 mil apuradas até agora. Somente na região de Pitinga, no Amazonas, estudos preliminares indicam que devem existir, pelo menos, 150 mil toneladas de urânio, mesmo volume estimado para a região de Rio Cristalino, no Ceará. Além disso, há indicativos de que outras bacias devem conter mais 500 mil toneladas.

O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) - órgão licenciador e regulador do setor no país -, Odair Dias Gonçalves, é mais cauteloso ao falar sobre exportação. Segundo Gonçalves, a produção das 400 toneladas de urânio por ano atende sem folga a Angra 1 e Angra 2, e, quando há algum problema na mina, falta o produto. (Ramona Ordoñez)