Título: A terceira confirmação
Autor: Souza, Isonilda; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 15/01/2008, O País, p. 3

Mais dois casos suspeitos de febre amarela surgiram ontem; 17 estão sob investigação.

Na atualização do quadro epidemiológico, já chega a 26 o número de casos notificados de febre amarela no país desde o final de dezembro. Desses, 17 estão sob investigação e aguardam resultados de análises laboratoriais. Seis já foram descartados e três estão confirmados.

Das suspeitas registradas, a maioria ocorreu em Goiás. Entre os casos investigados, quatro pessoas morreram. Os dois novos casos que surgiram ontem envolvem um paciente de São José do Rio Preto (SP), que teria se contaminado em Abadiânia (GO), e outra de Luziânia (GO), local também da provável infecção.

Em São Paulo, a Secretaria de Saúde confirmou outras duas notificações em Ribeirão Preto. Os casos estão sob investigação. Uma das pacientes é uma garota de 18 anos que passou um mês em Goiás e está internada há sete dias em Ribeirão. A outra vítima é um homem de 28 anos, que teria chegado de Mato Grosso.

Em nota divulgada ontem, o ministério informou que comunicou à Organização Mundial de Saúde (OMS), em 21 de dezembro, que macacos estavam morrendo no Brasil com febre amarela. Segundo a nota, o regulamento sanitário internacional determina a comunicação de emergências em saúde pública à rede de alerta da OMS.

Na lista de recomendações a vários países, a OMS, na página na internet, recomenda a turistas internacionais que, no Brasil, se forem se dirigir a áreas endêmicas, tomem antes a vacina contra a febre amarela. Até a próxima sexta-feira, o ministério irá distribuir 2,2 milhões de doses da vacina para Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Viúva de espanhol quer indenização

A Secretaria de Saúde de Goiás deve divulgar hoje os resultados dos exames do espanhol Salvador Perez de La Cal, de 41 anos, que morreu sábado em Goiânia, e da aposentada de Mogi das Cruzes (SP) Maria Geraldina Siqueira da Silva, de 63 anos, que morreu semana passada em Ceres (GO).

A viúva de Perez decidiu cobrar indenização na Justiça pela morte do marido. Marny Selma de Mendonça vai propor ações por danos morais, omissão e negligência contra os governos do Brasil e da Espanha:

- Em nenhum aeroporto fomos alertados sobre o risco e tampouco vacinados. Ele foi vítima do descaso.

O espanhol teria sido infectado numa fazenda em Cristianópolis, a 103 quilômetros de Goiânia. Segundo a viúva, mesmo após o registro de mortes, o cunhado dela e a sogra entraram no Brasil sem alerta. Ela e o marido desembarcaram em São Paulo em 25 de novembro, passaram por Salvador e chegaram a Goiânia em dezembro sem exigência do cartão de vacinação.

A secretária interina de Saúde de Goiás, Maria Lúcia Carnelosso, diz que a negligência foi do casal.

- Qualquer cidadão sabe que antes de viajar é preciso se informar sobre as exigências sanitárias de cada país. Ela é goiana e sabe que nosso estado é área endêmica.

Carnelosso disse que a campanha de vacinação em Goiás começou antes do Natal, e o espanhol ficou quase um mês exposto às informações sobre a doença e não buscou imunização.

* Especial para O GLOBO

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