Título: Exportação de vacina é suspensa pela Fiocruz
Autor: Souza, Isonilda; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 16/01/2008, O País, p. 8

Instituição teme o desabastecimento de doses contra a febre amarela no mercado interno.

BRASÍLIA. Com receio do risco de desabastecimento da vacina contra a febre amarela no país neste momento, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) suspendeu a exportação das doses do produto. O diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fiocruz, Akira Hooma, afirmou que a medida é para atender melhor as necessidades internas.

- Os organismos com quem o instituto têm compromissos de fornecer esta vacina foram informados e, de forma geral, houve entendimento e compreensão da situação que esperamos que brevemente seja normalizada - disse Akira Homma, em entrevista ao próprio site da Fiocruz.

A fundação comunicou à Organização Mundial de Saúde (OMS) a suspensão temporária da exportação. O gerente da Área de Vigilância em Saúde e Atenção às Enfermidades da Organização Panamericana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, confirmou o comunicado do governo brasileiro. Segundo Barbosa, o Brasil vai deixar de exportar esse ano cerca de sete milhões de doses da vacina destinadas a vários países das Américas.

- É plenamente compreensível que a prioridade do Brasil neste momento seja com seu abastecimento interno - disse Jarbas Barbosa.

O diretor da Opas afirmou que, por conta da decisão do Brasil, a OMS entrou em contato com um laboratório francês, que tem unidades de fabricação na França e no Senegal, para negociar produção de mais vacinas e suprir as doses que eram fornecidas pela Fiocruz.

Fiocruz dobrou produção anual de vacinas

Akiro Homma disse, na entrevista à Fiocruz, que a fundação dobrou a produção de vacinas, passando de 15 milhões para 30 milhões anuais. O diretor afirmou ainda que, com a atual crise epidemiológica, a demanda mensal vai saltar de 1,3 milhão de doses para quatro milhões.

- Não vai faltar vacina- assegura Akiro Homma.

O custo de cada unidade é de R$0,87. Segundo o diretor da Fiocruz, o instituto tem capacidade de aumentar a produção sem a necessidade de qualquer recurso adicional do orçamento. Homma contou que o dinheiro do custo da produção é transferido do Ministério da Saúde conforme as vacinas são entregues. Para atender à atual demanda, houve necessidade de dobrar os turnos de trabalho dos servidores da Fiocruz, que trabalham em atividades como controle de qualidade, rotulagem e empacotamento.

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