Título: Antes da audiência, Lula sofreu pressão do PMDB
Autor: Camarotti, Gerson; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 17/01/2008, O País, p. 5

Ministro José Múcio alertou o presidente sobre repercussão negativa de adiamento.

BRASÍLIA. No meio da tarde de ontem, o presidente Lula sinalizou que gostaria de adiar o encontro com o senador Edison Lobão (PMDB-MA), mas foi alertado pelo ministro José Múcio Monteiro (PTB-PE) da inevitável repercussão negativa. Mesmo assim, Lula insistiu. Foi a vez de a cúpula do PMDB pressionar fortemente o Planalto.

- Não existe problema algum. A agenda foi mantida - garantiu Múcio, depois de muito vai-e-vem entre seu gabinete e o do presidente.

Antes da audiência com Lobão - que só aconteceu duas horas depois do previsto - Lula recebeu a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a quem garantira semana passada que ela manteria nomes de sua confiança em postos-chave da pasta de Minas e Energia e nas estatais do setor. Essa blindagem tem o objetivo de dar mais segurança ao governo para enfrentar um eventual racionamento de energia.

- Não se vai trocar todo mundo. Jamais indicaria um ex-deputado para um cargo técnico. Mas o PMDB tem técnicos competentes - dizia Lobão, antes de ser confirmado no cargo.

Ontem, o PMDB reagia ao movimento do Planalto para enfraquecer Lobão.

- Desse jeito, é melhor que Lobão nem assuma. Para ter o cargo e não poder indicar os ministro. Essa estratégia do governo e do PT é para enfraquecer Lobão e ele perder força para nomear peemedebistas. Assim, não dá! - reagiu o vice-líder, deputado Aníbal Gomes (CE).

Mais cauteloso, Lobão evitou o confronto com Dilma:

- Vou conversar com o presidente e com a ministra para saber qual é a orientação.