Título: Janeiro já registrou dez casos de febre amarela
Autor: Éboli, Evandro; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 17/01/2008, O País, p. 9

Mais duas mortes em decorrência da doença foram confirmadas ontem; Exército vai combater focos do mosquito.

BRASÍLIA E SÃO PAULO. Subiram para dez os casos de febre amarela confirmados no país este ano. Desse total, sete pessoas morreram vítimas da doença. O número de casos supera os registros de 2006 e 2007 juntos, quando foram notificados oito casos. O número de óbitos neste ano também é igual à soma de mortes de febre amarela ocorridas em 2006 e 2007. O Ministério da Saúde já registrou 29 casos suspeitos somente nestas primeiras semanas de 2008. Além dos dez confirmados, seis foram descartados e treze estão sob investigação.

As duas novas vítimas morreram nas cidades goianas de Luziânia e Abadiânia. Outros dois casos de contaminação, sem registro de morte, foram detectados em Luziânia e em São Caetano do Sul. Os outros cinco óbitos, todos de pessoas infectadas em Goiás, ocorreram em Brasília, Mogi das Cruzes (SP), Maringá (PR) e dois em Goiânia (GO).

Na terça-feira, morreu à noite mais um paciente com sintomas de febre amarela no Distrito Federal. O pastor evangélico Antônio Rates dos Santos, de 44 anos, estava internado havia uma semana em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. Segundo o hospital, a vítima não estava imunizada e passou o réveillon numa fazenda em Abadiânia, no interior de Goiás. Até sexta-feira, os exames de sangue de Santos ficarão prontos e atestarão a causa do óbito.

O subsecretário de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, Joaquim Barros, acredita que as vítimas contraíram a doença em Goiás e, portanto, são casos de fora. Ele avisou que não haverá mudança na conduta do governo local no combate à febre amarela:

- Não precisa mudar, está tudo correto, tudo perfeito. Essas pessoas estiveram em áreas endêmicas em Goiás e não sei por que não tinham a vacina.

Em São Paulo, mulher com a doença teve alta

A partir de hoje, cem homens do Exército começarão a ser treinados para combater focos do mosquito transmissor da febre amarela em regiões de mata próximas a bairros residenciais. O grupo atuará por 30 dias, a partir da próxima segunda-feira. Joaquim Barros negou que a operação tivesse sido motivada pelo crescimento do número de mortes de pacientes com sintomas da febre amarela.

- É rotina, ocorre todo ano - afirmou.

Em São Paulo, teve alta a mulher de 42 anos que estava internada com febre amarela. A paciente, que não teve o nome divulgado, contraiu a doença durante as festas de fim de ano, quando viajou com o marido e os filhos para o Mato Grosso do Sul e visitou um parque ecológico. Ela não tinha sido vacinada.

De acordo com o boletim médico, a paciente foi liberada porque seu quadro clínico "evoluiu de forma satisfatória". Mesmo tendo contraído o vírus, não há risco de ela transmitir a doença, apesar de ter sido picada pelo mosquito Aedes aegypti, vetor da febre amarela nas áreas urbanas. Em Bauru, um menino de 14 anos, com sintomas que coincidem com os da febre amarela e dengue, entrou na lista de suspeitas da febre amarela. A prefeitura tomou a medida porque o garoto esteve em Mundo Novo (MS), nos últimos dias.