Título: Inflação nos EUA é a pior em 17 anos
Autor: Rangel, Juliana; Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 17/01/2008, Economia, p. 20

Índice de preços subiu 4,1% em 2007. Cresce temor por recessão.

WASHINGTON, NOVA YORK e PEQUIM. Puxado pelo custo de energia, o índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, pela sigla em inglês) avançou 4,1% no ano passado, muito acima dos 2,5% de 2006 e o maior desde 1990, segundo dados oficiais divulgados ontem. Já o núcleo da inflação (que exclui custos de alimentos e energia) subiu 2,4%, contra 2,6% no ano anterior, e é a menor alta anual desde 2005.

Em dezembro, o CPI ficou em 0,3%, contra previsão de 0,2%. Os custos de energia subiram mais de 17%, e só a gasolina avançou 30%. O núcleo dos preços no mês subiu 0,2%.

Pesquisas divulgadas ontem mostram que os americanos estão mais preocupados com recessão. De acordo com dados da Reuters/Zogby, 47,5% dos eleitores acreditam que uma recessão está próxima, contra 43,4% no mês passado. Pela primeira vez desde setembro, quando a pergunta foi inserida, é maior o número dos que apostam em recessão.

Outra pesquisa, da Merril Lynch, indica que os investidores institucionais começam a achar que a crise vai piorar. Pela sondagem, 19% dos gestores consideram a recessão provável ou muito provável nos próximos 12 meses, enquanto 8% dizem que os EUA já estão em recessão.

Frente ao quadro, e após ter sido acusado de falta de vigor na crise atual, o Fundo Monetário Internacional (FMI) quer mostrar que leva a questão a sério. A instituição publicou ontem informes sobre as origens da crise, que vai obrigá-la a reduzir as previsões de crescimento a serem apresentadas dia 25.

Na China, com a alta das commodities afetando a inflação no país, o governo estabeleceu um tabelamento nos preços de carne, ovos e grãos. Segundo a mídia estatal, o governo teme o crescente descontentamento popular com uma inflação na casa dos 6,9% anualizados, a maior dos últimos 11 anos.