Título: Interessados pelo Brasil
Autor: Foreque, Flávia
Fonte: Correio Braziliense, 26/04/2009, Política, p. 6

Quatorze autoridades estrangeiras visitaram o país desde janeiro, repetindo o movimento registrado no primeiro ano do governo Lula. A ministra francesa Christine Boutin caiu no forró durante visita a uma escola pública no Guará. Em visita ao Centro de Ensino Fundamental I do Guará, na última sexta-feira, a ministra de Habitação da França, Christine Boutin, foi surpreendida ao ser convidada a dançar uma quadrilha com os alunos da escola. A comitiva francesa ficou um pouco tímida diante dos apelos dos estudantes, mas até mesmo o embaixador francês entrou no ritmo brasileiro. O objetivo principal da visita da ministra, no entanto, não era conhecer a cultura brasileira, mas examinar a questão habitacional e conhecer melhor os programas do governo no combate à exclusão social, como o Bolsa-Família.

De janeiro até sexta-feira passada, 14 autoridades internacionais vieram ao Brasil em visitas oficiais, mesmo número registrado nos três primeiros meses de 2003, início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aquele foi o ano de maior número de missões internacionais ¿ ao todo, foram 43. Desde o primeiro mandato, Lula foi o anfitrião de 181 visitas, quantidade semelhante às viagens internacionais do petista (183).

Na escola do Guará visitada pela comitiva francesa, 74% dos estudantes, muitos moradores da Estrutural, são atendidos pelo Bolsa-Família, em parceria com o Bolsa-Escola, do Governo do Distrito Federal. ¿Eu estou muito interessada no Bolsa-Família. É a aplicação de um conceito que revoluciona completamente a divisão de riquezas e eu quero ver como funciona a distribuição do benefício¿, disse a ministra, que também participou da abertura do ano da França no Brasil. Em setembro, está prevista a visita do presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante as comemorações da independência do país.

¿Lula tem uma atitude mais ativa e altiva do que Fernando Henrique, que foi mais passivo e conivente com a ordem internacional vigente¿, avalia Danielly Silva Ramos, doutora em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB).

O fortalecimento do Mercosul, a aproximação com Índia, Rússia e China, países que compõem o chamado Bric, e o fortalecimento de embaixadas na África comprovam a extensão da política externa brasileira, afirma a estudiosa. Mas nem por isso, aponta a especialista, Lula deixou de lado as relações tradicionais com Estados Unidos e países da Europa. ¿Essa política externa multilateral é reflexo da boa imagem que Lula tem, como um presidente popular. Ele passa a imagem de um governo socialista em tempos de crise do liberalismo. Com certeza (a política externa) vai ser discutida na campanha eleitoral.¿