Título: Agenda em ritmo de PAC
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 28/04/2009, Política, p. 02

Dilma acompanha Lula em Manaus em visita a obras e diz que não mudará rotina. O presidente dá seu apoio, mas destaca que o PT e a base aliada é que decidirão sobre a candidatura da ministra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou apoio à sua candidata preferida à disputa pelo Palácio do Planalto em 2010. Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, cumpriram ontem uma extenuante agenda em Manaus. Ao lado da ministra, tocadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Lula afirmou que, segundo os próprios médicos, a ministra ¿não tem mais nada¿, numa referência ao tratamento contra um câncer linfático.

Apesar da manifestação, o presidente disse que lançá-la ao Planalto não depende apenas do seu desejo. ¿Eu já disse publicamente que a Dilma é minha candidata. Agora, eu não sou o partido. Ela tem que passar pelo partido, tem que passar pela base aliada, tem que passar por uma discussão¿, ressaltou. Segundo ele, o PT é quem dará a palavra final.

A agenda da ministra não deve ser alterada durante o tratamento, enfatizou Lula. ¿Acho que a Dilma está se comportando do mesmo jeito que se comportava antes de saber da notícia, até por que nessas horas não tem porque a gente fraquejar. Ou seja, tem que ficar de cabeça erguida, encarar a realidade e trabalhar.¿

Mesmo assim, o presidente quer que sua preferida mantenha-se firme no tratamento. ¿A prioridade zero é cuidar da saúde dela. Ela tem que se cuidar, porque com essas coisas a gente não brinca. E a segunda prioridade, até para superar a doença, é trabalhar, enfiar a cabeça nesse PAC 24 horas por dia¿, aconselhou.

Lula cumpriu a agenda em Manaus com bom humor. Um dos motivos, disse ele, foi a vitória do Corinthians no jogo de domingo passado contra o Santos por 3 x 1, com dois gols de Ronaldo. ¿Fiquei muito feliz. O `Ronaldão¿ a cada dia que passa está provando que leva a sério a volta dele ao futebol¿, disse, acrescentando que vê ¿muita probabilidade¿ de seu time levar o Campeonato Paulista.

Tranquilidade Dilma também aparentava bom humor e fez questão de deixar claro que não sofreu até agora nenhum abalo em sua disposição e voltou a dizer que não sentiu nenhum tipo de mal-estar até então e que planeja prosseguir normalmente com as atividades do cargo. ¿Já comecei a tomar remédios e vou fazer a quimioterapia. Então, até agora, não há consequências da doença. Não há sintoma. Você não se sente mal¿, afirmou.

Nos primeiros compromissos da agenda, logo pela manhã, Dilma e Lula visitaram as obras de uma ponte sobre o Rio Negro e, em seguida, o terminal hidroviário de São Raimundo, ambos na capital amazonense. Quanto à decisão de anunciar publicamente a doença, Dilma afirmou que, por ser uma pessoa pública, deve satisfação à população. ¿Comuniquei à população da forma mais transparente. Disse que estou com uma doença, sim. Que, segundo os próprios médicos, foi curada. Agora tenho de fazer um tratamento preventivo para que ela não volte.¿ Apesar da insistência dos jornalistas, Dilma voltou a dizer que não fala sobre os seus planos para depois de 2009 ¿nem amarrada¿.

Acompanhavam o presidente, a ministra Dilma Rousseff e os ministros Nelson Jobim (Defesa), Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) e Alfredo Nascimento (Transporte). Além do governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), que espalhou outdoors pela capital anunciando as parcerias com o governo federal.

"Eu já disse publicamente que a Dilma é minha candidata. Agora, eu não sou o partido. Ela tem que passar pelo partido"

Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República

"Me sinto como me sentia ontem ou anteontem. Obviamente nenhum de nós é super-homem ou supermulher"

Dilma Rousseff, ministra da Casa-Civil