Título: Lobão estuda campanha para reduzir consumo de energia
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 21/01/2008, O País, p. 3

Futuro ministro reconhece que proposta sofre resistência política.

BRASÍLIA. O senador Edison Lobão (PMDB-MA), que toma posse hoje no Ministério de Minas e Energia, estuda a possibilidade de iniciar uma campanha para que os consumidores reduzam o consumo de energia. Essa proposta será discutida com o corpo técnico do ministério e seria uma solução para evitar que o governo seja obrigado a impor um corte a setores da indústria caso haja problemas com fornecimento de energia.

Em sua coluna publicada ontem, em O GLOBO, Míriam Leitão registrou que, se houvesse uma redução de 5% no consumo, permitiria ao país poupar 2.500 MW de energia, o que evitaria, por exemplo, uma outra alternativa que é analisada pelo governo: retirar gás das indústrias para mandar para as termelétricas.

- Uma campanha poderia reduzir uma enormidade o consumo de energia. Isso criaria um hábito. Quando houve racionamento, em 2001, as pessoas se habituaram a economizar, a desligar a luz. É preciso retomar esse hábito. Tem muita gente que defende essa hipótese. É preciso analisar essa proposta. Vou discutir o assunto com os assessores do ministério - ressaltou o novo ministro de Minas e Energia.

Mas o próprio Lobão reconhece, no entanto, que essa proposta sofre uma resistência política grande no governo porque poderia criar um clima de que o racionamento está por vir, o que reativaria na população o temor de um eventual apagão elétrico. Por isso, a proposta não é bem vista no núcleo do Palácio do Planalto.

- Há um lado negativo de uma campanha de economia de luz, que é o aspecto político. Quando se fala em campanha, fica o imaginário de que o estrago chegou! Fica estabelecido um pânico na população. As pessoas ficam achando que vai faltar mesmo energia - ressaltou Lobão.

Especialistas alertam para nível baixo dos reservatórios

Especialistas do setor energético alertam para o nível baixo dos reservatórios. Eles também lembram que, desde o racionamento de 2001, o consumo no Brasil subiu 32%, sendo 5,4% só no ano passado. Mas Edison Lobão mostra-se otimista em relação ao fornecimento de energia no Brasil.

- O país não está em crise energética. Estamos numa situação completamente diferente de 2001. O indicativo é de que vai verter água dos reservatórios no Sudeste. Já está chovendo bastante. São Pedro gosta de mim. Graças a Deus! - disse Lobão.

Ontem, ele fechou o seu segundo nome da equipe. Depois de ter confirmado o nome do técnico Márcio Pereira Zimmermann para a Secretaria-Executiva da pasta, ele voltou a utilizar o mesmo critério de composição com o Palácio do Planalto para manter José Antonio Coimbra para o cargo de chefe de gabinete.

Critérios técnicos para loteamento de cargos do ministério

Técnico de carreira do setor elétrico, Coimbra tem origem na Eletronorte e foi chefe de gabinete dos ministros Silas Rondeau e Nelson Hubner. Com isso, Lobão tenta passar para o Palácio do Planalto, e mais especificamente para a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que irá adotar critérios técnicos para o loteamento de cargos do ministério e das estatais do setor elétrico. A manutenção de Coimbra no cargo foi sugerida por Silas Rondeau.