Título: Volta do vírus 2 agrava casos de dengue
Autor: Costa, Célia; Valle, Luisa
Fonte: O Globo, 22/01/2008, Rio, p. 12

Superintendente da Secretaria de Saúde diz que número de internações por causa da doença aumentou em 2007.

A reintrodução do vírus 2 da dengue no Rio é mais um motivo de preocupação. O vírus, que já não circulava desde 2002, estaria sendo responsável pelo aumento do número de internações por causa da doença, segundo a superintendente de Epidemiologia da Secretaria municipal de Saúde, Meri Baran.

- Antes, eram poucos os que ficavam internados, mas a gente observou esse aumento em 2007, principalmente entre as crianças. A gente tem uma hipótese de que isso aconteceu com o reaparecimento do vírus tipo 2 - afirmou Meri Baran.

Para o infectologista Edmilson Migowski, há o risco de uma epidemia. Segundo o especialista, como o vírus deixou de circular durante vários anos, existe um grande número de pessoas suscetíveis a ele.

- O índice de infestação está muito além do tolerável. Ainda não tivemos uma epidemia porque a maioria das pessoas já foi infectada. O grande risco mesmo é a introdução do vírus 4 da doença, ao qual toda a população é suscetível - explicou Edmilson.

O vírus 2 chegou ao Rio em 1991, quando provocou a mais grave epidemia da doença até então, com vários casos de dengue hemorrágica. Em 2001, houve a introdução do vírus 3, causador da epidemia de 2002.

O índice de infestação do mosquito Aedes aegyti está acima do tolerável e o último levantamento feito pelo município é de outubro do ano passado. Com as chuvas que caem na cidade desde sábado, aumenta a preocupação com a proliferação do mosquito. Segundo Mauro Blanco, coordenador de Controle de Vetores da Secretaria municipal de Saúde, o perigo está nos ovos do Aedes que estavam ressecados. Com as chuvas, eles podem eclodir a qualquer momento.

Mauro Blanco afirmou que os terrenos baldios - aqueles em que a prefeitura consegue entrar - são vistoriados conforme o grau de risco. Uma área abandonada na Rua Padre Champagnat, no Andaraí, é motivo de preocupação dos moradores da região. No local, há grande quantidade de lixo e latões descobertos. Mauro Blanco, no entanto, assegurou que a vistoria no terreno tem sido periódica e que não há focos do mosquito.