Título: Agravamento da crise dominará reunião em Davos
Autor: Damé, Luiza; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 22/01/2008, Economia, p. 17

Fórum Econômico Mundial começa amanhã com debate sobre riscos financeiros e países emergentes.

GENEBRA. O agravamento da crise nos mercados mundiais e o temor de uma recessão nos Estados Unidos vão dominar os debates no Fórum Econômico Mundial de Davos, que reunirá a partir de amanhã, durante cinco dias, os mais poderosos empresários e políticos do mundo. Na quinta-feira, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, e o presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet, vão comandar um debate sobre riscos nos mercados financeiros.

Executivos de bancos que estão no centro da atual crise de inadimplência no setor imobiliário, como o novo presidente da Merrill Lynch, John Thain, confirmaram presença. O presidente do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, e o megainvestidor de Wall Street George Soros também vão participar.

Mas a crise nos EUA não é vista isoladamente. Também os preços recordes de energia e commodities e o temor de uma bolha nos mercados emergentes estão por trás de um crescente pessimismo em relação à economia global em 2008. O encontro deste ano será uma ducha de água fria, se comparado à onda de otimismo do ano passado, quando os mercados financeiros estavam em alta, havia uma onda de fusões e aquisições e quase todo o mundo previa tempos ainda melhores.

Os países emergentes - sobretudo China - estarão, como no ano passado, no centro dos debates. O que todos querem saber é se a tese que muitos analistas martelaram no último encontro, de que os emergentes não estão mais vulneráveis às crises nas grandes economias industrializadas, vai se confirmar. Outra questão é até que ponto o crescimento de gigantes como China e Índia ajudará a diminuir o impacto de uma recessão nos EUA.

Como em todos os anos, o encontro de Davos, que terá como tema "O poder de inovação cooperativa", não se limita à economia. A sessão de abertura vai debater terrorismo e a mudança no clima do planeta. A grande estrela será a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice. Há 2.500 participantes de 88 países confirmados. O presidente Lula será um dos grandes ausentes, bem como o francês, Nicolas Sarkozy, que estará em viagem oficial à Índia. Entre os nomes confirmados do Brasil estão o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Presidentes de Microsoft e Cisco estarão presentes

Ao todo, haverá 240 sessões, que vão debater desde corrupção e eleições nos EUA até como os avanços em remédios contra a depressão vão influenciar na felicidade das pessoas. Músicos, atores e escritores também estão na lista de participantes, como a atriz Emma Thompson, o líder do grupo U2, Bono, e o escritor brasileiro Paulo Coelho. Sem contar os representantes de grandes conglomerados, como os presidentes da Microsoft, Bill Gates, da Dell, Michael Dell, e da Cisco, John Chambers.